tag:blogger.com,1999:blog-74882842844186348532024-02-19T04:13:49.133-08:00Intertextualidades "Estou vivo e escrevo sol"uma janela discreta sobre os meus textos. as minhas imagens. as minhas leituras.pode assomar um gato legente ou uma pupila irisada. entre poesia, filosofia e artes outras. eis o blogue (llansolianamente) de um escrevente.................luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.comBlogger82125tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-14631486164630626212013-01-12T16:11:00.001-08:002013-01-13T05:39:27.567-08:00ZOOM
(IMAGEM: PAOLO NOZOLINO)
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLIeja3escUTEOLkieAVmvn8iYYIgV5fIPc8k7mgtLAxGbR5OulqrO41pQjSUsci_pODoZBdJBpgRT7IFxygtWadDtclF3ucrbEnULAMonzutofDf12piTj1B2pC1ifT3z-dSZv7rnrm4/s1600/nozzolino_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="266" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLIeja3escUTEOLkieAVmvn8iYYIgV5fIPc8k7mgtLAxGbR5OulqrO41pQjSUsci_pODoZBdJBpgRT7IFxygtWadDtclF3ucrbEnULAMonzutofDf12piTj1B2pC1ifT3z-dSZv7rnrm4/s400/nozzolino_1.jpg" /></a></div>
O mar sobe os alpendres <br />
<br />
<br />
Aí desvendamos, na soleira dos dedos,<br />
<br />
Os nomes diurnos das pedras<br />
<br />
Para adormecermos depois<br />
<br />
No canto nómada das casas.<br />
<br />
<br />
<br />
É aí, nesse estar, rodeado de relento <br />
<br />
E de astros e de aves,<br />
<br />
Que se imiscuem em nosso sono insectos,<br />
<br />
Mínimos, insones,<br />
<br />
... Cujas patas, <br />
<br />
Cujas asas, <br />
<br />
Se percutem nos círculos a prumo<br />
<br />
Das águas.<br />
<br />
Insectos tangendo nossos ombros <br />
<br />
Dançando por dentro do fogo das falanges<br />
<br />
Levantando as estacas dos dias <br />
<br />
Nas moradas abertas ao lado,<br />
<br />
Larguíssimo, do mar.<br />
<br />
<br />
<br />
É aí que são fragílimos fios de sede <br />
<br />
E soam a lucernas acendendo-nos o peito:<br />
<br />
São sôfregas fileiras fazendo com que as ruínas do mundo ascendam<br />
<br />
Os degraus enlouquecidos de sul, <br />
<br />
De iodo, <br />
<br />
De sal <br />
<br />
E de estevas.<br />
<br />
<br />
<br />
De oriente chegam os pássaros do vento <br />
<br />
E é este estar que tremulam,<br />
<br />
Trazendo ao canto das casas a ternura de árvores, <br />
<br />
de prados alucinados de tão atlânticos, <br />
<br />
E mais perto, <br />
<br />
Ocidentais fendas no reverso das pedras,<br />
<br />
Ficam os frutos amadurecendo <br />
<br />
Sob o fascínio da cal<br />
<br />
E desse mar trabalhando-nos no coração <br />
<br />
Mansas planícies de treva.<br />
<br />
<br />
<br />
Aí me alegra a alegria desses insectos consonantes,<br />
<br />
Liricamente, <br />
<br />
Com a claridade de invisíveis cinzéis, <br />
<br />
Enchendo de levantes<br />
<br />
Os cantos das casas <br />
<br />
E tudo o que entardece,<br />
<br />
<br />
<br />
Enquanto demoram as pedras<br />
<br />
Enquanto restolham astros e aves,<br />
<br />
Enquanto o vento risca os versos,<br />
<br />
Enquanto resta rente a pulsação do sono,<br />
<br />
Enquanto a implosão e o incêndio traduzem o tempo<br />
<br />
Com os lábios nos lábios, <br />
<br />
Com o mar no mar,<br />
<br />
Enquanto um ditirambo de sereia, <br />
<br />
Soberano, <br />
<br />
aplaca a distância nos alpendres, <br />
<br />
Deliciosamente,<br />
<br />
Desnudando-se. luís filipe pereiraluís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-6546089868754263482012-02-20T09:23:00.003-08:002012-02-20T10:17:34.856-08:00UM ECO NA MÃOimagem: Jorge Molder<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIi9POXQOvfih5L3KGe0pNYZv9a69B5q28jj-HxL6ypVMDDS0PlbP2Np8gOHD5L7TiCZ0SSv3p63_HNEWr2v87xqWomMcv3cknF2OZvhc8qUZ30MGCPBxQSjfbpGAxsN3YIuh4eo6l8zs/s1600/Jorge-Molder.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 384px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5711269952221802994" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIi9POXQOvfih5L3KGe0pNYZv9a69B5q28jj-HxL6ypVMDDS0PlbP2Np8gOHD5L7TiCZ0SSv3p63_HNEWr2v87xqWomMcv3cknF2OZvhc8qUZ30MGCPBxQSjfbpGAxsN3YIuh4eo6l8zs/s400/Jorge-Molder.jpg" /></a><br /><br /><br /><div></div><br /><br /><div>porque chega, improvável e exacta, a tua mão</div><br /><br /><div>quando num rumor elíptico se afasta a minha</div><br /><br /><div>para desembocar numa secção da luz</div><br /><br /><div>em que o centro se rompe,</div><br /><br /><div>deixa-me escutar de novo o dividido calor do canto</div><br /><br /><div>onde, qual ave, próxima e longínqua, me afunde</div><br /><br /><div>porque é tão sumário o sabor da ausência</div><br /><br /><div>e tão abrupta a alba da despedida,</div><br /><br /><div>deixa-me soletrar nos ressaltos dos recifes</div><br /><br /><div>de ancas moventes, macias, reluzentes</div><br /><br /><div>onde possa como árvore, verde vírgula, adormecer</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>porque se afasta a tua mão</div><br /><br /><div>quando a tange a minha com os tensos braços da manhã</div><br /><br /><div>deixa-me iluminar esta ilha que refulge nas vértebras de um mar</div><br /><br /><div>todo fluxo, todo ossuário e ombro, busto azul do abandono</div><br /><br /><div>porque conto pelos dedos os dias que agora são dedos de memória</div><br /><br /><div>deixa-me agarrar a entoação dos ecos,</div><br /><br /><div>essa nervura de ti a que acediam as chuvas do meu corpo</div><br /><br /><div>nas vertebrais colunas do ocaso.</div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>luís filipe pereira</div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com34tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-34436554630671016642011-09-06T15:42:00.000-07:002011-09-06T16:10:10.240-07:00ESTRADA, AO SUL<div align="center"><span style="font-size:78%;">imagem: Robert Frank</span></div><br /><div align="center"></div><br /><div align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4bz_P3M8IB9uFPIgDhnyREbi62moymS-fr9jM5nM_3oNL8ag1OIXtMhKOZdaZyoEXSRxkfK5vVGMdpAeGYLdwEESdMLum_6fhYjBgYNuQC6ZEf83TpTX4rU5xvvLi7ZVrdinAgVsFAE0/s1600/robert+frank.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 213px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5649381253508722082" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4bz_P3M8IB9uFPIgDhnyREbi62moymS-fr9jM5nM_3oNL8ag1OIXtMhKOZdaZyoEXSRxkfK5vVGMdpAeGYLdwEESdMLum_6fhYjBgYNuQC6ZEf83TpTX4rU5xvvLi7ZVrdinAgVsFAE0/s400/robert+frank.jpg" /></a><br /><strong>Era uma estrada de silêncio,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>espécie de porto onde pode a pele</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>rasgar do horizonte o leme das feridas</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>as cúpulas das cicatrizes,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>e então encontrar a resiliente ruína,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>esse vazio de náufrago vertido na página</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>em que houvesse o poema desertado da harmonia.</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>Uma estrada nascendo da poeira,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>da pura ciência das cinzas,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>onde os nomes eram percutidos pelos martelos do esquecimento,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>prévios ao modular-se da vida pelos sulcos da manhã</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>ao mar virados, ao aoitecer das âncoras.</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>Era uma estrada de silêncio</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>a desfolhar-se na locomoção dura das horas</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>como se em páginas pronunciadas pela verbal cal do vento,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>nela emudeciam as rosas e o vinho</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>como se morresse o seu eco</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>muito rente ao descaminho minucioso dos dedos.</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>Como nela envelheciam os frutos e as fogueiras,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>como nela se extinguiam os emblemas das flutuações da água</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>que empurram as palavras para o coração da cor</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>e, liquidamente, do ardor do alento.</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>Nela porém o poema ousará o crime de erigir novas cicatrizes,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>descuidando do clamor dos astros e das direcções amantes,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>porque o poema debate-se nas cinzas</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>opera vagarosamente,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>move as suas mãos mandibulares ao longo da letargia,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>ao leme da sabedoria do silêncio,</strong></div><br /><div align="left"><strong></strong></div><br /><div align="left"><strong>lábio que tremula.</strong></div><br /><div align="left"></div><br /><div align="right">luís filipe pereira</div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com41tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-52089008032126384982011-01-19T11:22:00.000-08:002011-01-24T14:38:19.505-08:00AS PONTES<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7T7lDVeMskUujVQgeLxwuMhufbHIbNpOlqzyhf9JzwGkeUZPs-g6As30gVik13ruHtDsdkUQBNCbesNHvo97TIugoL67jzb8I7vALr4_zoucEsj39tYsAATHZWwhdnnxBVNDJ3u4bTVg/s1600/vangoghpontelanglois.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 288px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5563979961683025826" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7T7lDVeMskUujVQgeLxwuMhufbHIbNpOlqzyhf9JzwGkeUZPs-g6As30gVik13ruHtDsdkUQBNCbesNHvo97TIugoL67jzb8I7vALr4_zoucEsj39tYsAATHZWwhdnnxBVNDJ3u4bTVg/s400/vangoghpontelanglois.jpg" /></a> (Imagem: van Gogh)<br /><br /><br /><br />sei que persiste a mudez igual a um país de pedra<br /><br /><br />sei que a solidão é feita de folha persistente<br /><br /><br />mas invento extravagantes estacas<br /><br />a fim de amparar a água fala a fala<br /><br /><br /><br />sei que os muros visitam a viuvez das madrugadas<br /><br />sei que espadas iluminam a extensa cegueira do meu corpo<br /><br />sei que são de sangue as grades como um grito de socorro<br /><br /><br />mas construo hieróglifos de claridade<br /><br />para nomear as hélices de ubíquos navios<br /><br /><br /><br />sei que soam estrondos de balas sob o sono dos braços<br /><br />sei que se despenham caminhos entre dedos cansados<br /><br />sei que a morte tem ameias como aranhas aprazadas<br /><br />sei que as gaivotas se submetem aos carações de granizo<br /><br /><br />mas escrevo lábios e punhais flores e faluas fomes e pulsos<br /><br />para que me iluminem as pontes<br /><br />e nelas beba os lúcidos líros em que fremem os barcos<br /><br />entre mãos mansas e abertas<br /><br /><br />sei do avanço do tempo e do sal sobre o torso da tristeza<br /><br />mas iluminam-me as pontes que invento<br />em verbos onde jorram varandas janelas<br />na altitude do amor<br />no sem resto das lâmpadas livres<br /><br />pois se reergo pontes é para respirar<br /><br /><div align="center">luís filipe pereira</div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com69tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-43408454458630386812010-09-18T06:46:00.000-07:002010-09-18T07:31:26.892-07:00Poema sobre a terra triste, chorar cerzido no choro<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXqYqA_At5LEA9GE0FKr9RPGaxGjSFArahRhKODbJaKg73iZMnE8hU4rgvr_68uHzHaYqCFmaTOr2HfJyJRO2naBosnPbL-u-xEZSy2GMm7xX2aPMTZBgXWOXM2vpY_Wml0Wj1vBqa4Y/s1600/J_joseph_beuys_gallery_7.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 261px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5518249793025391794" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXqYqA_At5LEA9GE0FKr9RPGaxGjSFArahRhKODbJaKg73iZMnE8hU4rgvr_68uHzHaYqCFmaTOr2HfJyJRO2naBosnPbL-u-xEZSy2GMm7xX2aPMTZBgXWOXM2vpY_Wml0Wj1vBqa4Y/s400/J_joseph_beuys_gallery_7.jpg" /></a> imagem: Joseph Beuys</div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;">(Sob o mote: <strong>A Terra</strong>, partilho convosco este meu poema recentemente publicado no n.º 12 de <em>Saudade - Revista de Poesia</em>, edição especial que contou, entre outros, com a colaboração dos Poetas:Amadeu Baptista, Ana Luísa Amaral, António José Queirós, António Salvado, Armando Silva Carvalho, Daniel Jonas, Fernando Echevarría, Fernando Guimarães, Graça Pires, João Rui de Sousa, Jorge Reis-Sá, Luís Quintais, Maria João Reynaud, Maria Teresa Horta, Nuno Júdice, Pedro Sena-Lino, Rosa Alice Branco, Vasco Graça Moura, Yvette K. Centeno)________________________</span></div><div align="justify"> </div><div align="justify">_______________________________________________</div><div align="justify"> </div><div align="justify"><strong>na memória sobram os sulcos</strong></div><div align="justify"><strong>...............................................</strong></div><div align="justify"><strong>das ilhas de cinza órfãs de esperança</strong></div><div align="justify"><strong>dos barcos ceifados na rotina do medo</strong></div><div align="justify"><strong>das fomes no lugar das bocas</strong></div><div align="justify"><strong>dos cantos enforcados no ocaso das espadas</strong></div><div align="justify"><strong>das vozes inclinadas para o vento obeso dos obuses</strong></div><div align="justify"><strong>das crianças coaguladas vertendo tristeza</strong></div><div align="justify"><strong>rosto a rosto como eczemas da escuridão.</strong></div><div align="center"><strong> que nome dar aos girassóis endurecidos</strong></div><div align="center"><strong> se tão seco e sujo é o rumor da terra esquecida</strong></div><div align="center"><strong> dos dias limpos com mansas monções de luz?</strong></div><div align="left"><strong>escuto a terra</strong></div><div align="left"><strong>que ruge por entre rasgados templos</strong></div><div align="left"><strong>vejo-a</strong></div><div align="left"><strong>igual a um animal com minucioso cheiro de morte</strong></div><div align="left"><strong>mordendo o sitiado sangue entre crimes e feridas.</strong></div><div align="left"><strong>..............................................................................</strong></div><div align="left"><strong>não acendem as madrugadas as orquídeas do amor</strong></div><div align="left"><strong>tampouco as descomedidas águas da humanidade</strong></div><div align="left"><strong>choro que seca pelo nosso não chorar.</strong></div><div align="center"><strong>que arma amante do fogo poderá achar</strong></div><div align="center"><strong>a aragem verde dos caminhos e a trânsfuga do canto?</strong></div><div align="center"><strong>que mão para esquiar a neve negra das escoriações</strong></div><div align="center"><strong>e soerguida encontrar a nudez das estevas por semear?</strong></div><div align="left"><strong>cega é a lâmpada da memória</strong></div><div align="left"><strong>...........................................................</strong></div><div align="left"><strong>sua estatura lavrada pela mágoa esfriada</strong></div><div align="left"><strong>edema a edema como sub-reptícias ruínas</strong></div><div align="left"><strong>.............................................................</strong></div><div align="left"><strong>em silêncio sangrando-nos candeias e chuvas</strong></div><div align="left"><strong>em noite de manhã nunca chegada</strong></div><div align="left"><strong>denuncia-nos</strong></div><div align="left"><strong>o duro deserto da terra</strong></div><div align="left"><strong>os sonhos traídos, substituídos</strong></div><div align="left"><strong>pelo vício desertor.</strong></div><div align="left"><strong></strong> </div><div align="right">luís filipe pereira</div><p> </p><p><strong></strong> </p><div align="justify"><br /></div><div align="center"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com56tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-62179653076808338792010-06-17T14:16:00.000-07:002010-06-18T07:10:16.041-07:00E É DE NOVO VERÃO NA VARANDA DO VERBO<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr3k99Kofg7myrvfcA3CEZEzX6L6_yRGluz2TL1ooURzU8XEUqPsYvBkTVoZGYmnOugLNXsik42H-3BBXFXMuZk2UwKEIoDmtw3_oWQOC83e0EhZwhyphenhyphenx1fFans_BYnM5z3K2HpicJeE6Q/s1600/9.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 396px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5483854887613958402" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr3k99Kofg7myrvfcA3CEZEzX6L6_yRGluz2TL1ooURzU8XEUqPsYvBkTVoZGYmnOugLNXsik42H-3BBXFXMuZk2UwKEIoDmtw3_oWQOC83e0EhZwhyphenhyphenx1fFans_BYnM5z3K2HpicJeE6Q/s400/9.jpg" /></a> (Imagem: A. Tàpies)</div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="right"><em><strong>post-scriptum_ dedico, in memoriam,</strong></em></div><div align="right"><em><strong>este poema a José Saramago:</strong></em></div><div align="right"><em>"o sentido não é capaz de permanecer quieto,</em></div><div align="right"><em>fervilha de sentidos segundos, terceiros e quartos, </em></div><div align="right"><em>de direcções irradiantes que se vão dividindo e</em></div><div align="right"><em>subdividindo em ramos e ramilhos,</em></div><div align="right"><em>até se perderem de vista"</em></div><div align="right"><em>(in Todos os Nomes)</em></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="left"><strong>E sob a sombra das imagens</strong></div><div align="left">Entre espuma negra</div><div align="left">Adejam</div><div align="left">Como nomes nus</div><div align="left">Em estrofe lentíssima</div><div align="left">Os calcanhares</div><div align="left"><strong>E emplumam-se</strong></div><div align="left">Cheios de bocas</div><div align="left">De barcos</div><div align="left">De bosques</div><div align="left">Rescendendo</div><div align="left">Bravios</div><div align="left">Com aves</div><div align="left">Concêntricas</div><div align="left">Entrelaçadas</div><div align="left"><strong>E desejo-te</strong></div><div align="left">Desde o sanguíneo sargaço</div><div align="left">A desenhar-me a pele</div><div align="left">Com bátegas de búzios</div><div align="left">Com limos de lume</div><div align="left">Erguendo-se</div><div align="left">Erosivos</div><div align="left">Como um tráfego de feridas</div><div align="left">Que fugisse do tempo</div><div align="left"><strong>E o leme da pele</strong></div><div align="left">É uma linha </div><div align="left">_____________</div><div align="left">De linguagem</div><div align="left">A parecer um mar</div><div align="left">Que ao passar pela respiração</div><div align="left">Se rasgasse</div><div align="left">Manso</div><div align="left">Violentamente</div><div align="left">Só de repetir a matéria</div><div align="left">Do grito mais rente</div><div align="left">Na manhã repentina</div><div align="left">Como se em seu ressoar</div><div align="left">Encontrasse o mundo</div><div align="left">O espaço duma estrela</div><div align="left">Coada em verso que escrevesse</div><div align="left">A escalada duma voz </div><div align="left">Noutra voz</div><div align="left"><strong>E espécie de gravitação</strong></div><div align="left">Entre as roucas rosas</div><div align="left">Sempre sós</div><div align="left">Em vermelha radiação</div><div align="left">Ou estelar gramática</div><div align="left">Esvaziada de pedras</div><div align="left">De palavras</div><div align="left">Ou este tremor de desejar-te</div><div align="left">A talhar-me os dedos</div><div align="left">A debater os cegos mastros</div><div align="left">Entre a espuma</div><div align="left">Memoriando-os</div><div align="left">Sobre os passos</div><div align="left"><strong>E é de novo verão</strong></div><div align="left">Porque mais nua a noite</div><div align="left">Dos nomes</div><div align="left">E devagar</div><div align="left">Um rumor em resposta</div><div align="left">Doridamente</div><div align="left">Desde os calcanhares</div><div align="left">À luz sôfrega</div><div align="left">Que vem da sede</div><div align="left">E suponho ser solidão</div><div align="left">Da carne intocada</div><div align="left">Da consciência inerente</div><div align="left">A perder o pé</div><div align="left">No caminho</div><div align="left"></div><div align="center">luís filipe pereira</div><div align="left"></div><div align="left"></div><div align="left"><br /></div><div align="center"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com64tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-14826258778017414992010-04-28T16:13:00.000-07:002010-05-03T16:08:53.282-07:00DAQUI EM DIANTE<div style="TEXT-ALIGN: center" align="right"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVBi1XW8_REjBrX4iGIpgJ9AucKOHDtYUdfzggE4lt2U2ky7mO4E-fSq8vx2V3zayyWLU-1-JLOXAHa2kfgF_k50QDu1ghxExCKRUgIh_SQUdmB59EaLpp43jv2kS9R5prnCrQTOCxTbw/s1600/artwork_images_15_503950_baltazar-torres.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 268px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465330525377615970" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVBi1XW8_REjBrX4iGIpgJ9AucKOHDtYUdfzggE4lt2U2ky7mO4E-fSq8vx2V3zayyWLU-1-JLOXAHa2kfgF_k50QDu1ghxExCKRUgIh_SQUdmB59EaLpp43jv2kS9R5prnCrQTOCxTbw/s400/artwork_images_15_503950_baltazar-torres.jpg" /></a><span style="font-size:85%;">(Imagem: Escultura de Baltazar Torres, Wave/2009)<br /><br /></span><br />para Fernanda Apolinário<br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: right"><br /><br /></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">É submersa em meu sangue<br /><br />que mora a memória<br /><br />dum mundo </span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">na sua força de epigrama</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">na sua fala de esporângio</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">dum mundo</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">à beira da boca</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">como angular</span></div><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold"><br /><br />asa por abrir</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">É rente ao remo</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">que se afunda</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">qual onda sob os ombros</span></div><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">da medida das manhãs </span></div><span style="FONT-WEIGHT: bold"><div style="TEXT-ALIGN: left"><br /><br />o ritmo das dispersas </div><div style="TEXT-ALIGN: left"><br /><br />varandas de sal </div><div style="TEXT-ALIGN: left"></div><div style="TEXT-ALIGN: left"><br /><br />como a verdade espessa</span></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold"><br /><br />em eólicos dedos</span></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold"><br /></div></span><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold">É na florida fronte</span></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><strong>em padrão coeso</strong></div><span style="FONT-WEIGHT: bold"></div><div style="TEXT-ALIGN: left" align="left"></div><br /><p></span><strong>qual cálamo rendado de cais</strong></p><br /><p><strong>que nos confins de pedras</strong></p><br /><p><strong>de pássaros</strong></p><br /><p><strong>afora de todo o espaço</strong></p><br /><p><strong>se ergue o vento </strong></p><br /><p><strong>como efémera estaca </strong></p><br /><p><strong>do sonho</strong></p><br /><p><strong>sem medida sacudido</strong></p><br /><p><strong>quase veia flectida</strong></p><br /><p><strong>sobre os filetes do verão</strong></p><br /><p><strong>quase queda</strong></p><br /><p><strong>quase dança</strong></p><p><strong></strong></p><p><strong>dum mundo nu de mundo</strong></p><br /><p><strong>já dobra de nuvem</strong></p><p><strong></strong></p><p><strong>de nome</strong></p><p><strong></strong></p><p><strong>na janela</strong></p><br /><p><strong>a rebrilhar</strong></p><br /><p><strong>ribeiras vermelhas</strong></p><p><strong>brancas</strong></p><br /><p><strong>no estanho desolado</strong></p><p><strong></strong></p><p><strong>baço</strong></p><p><strong></strong></p><p><strong>exogenamente riscado</strong></p><p></p><br /><p><strong>do esquecimento.<br /></p></strong><br /><div style="TEXT-ALIGN: left"><span style="FONT-WEIGHT: bold"></span></div><span style="FONT-WEIGHT: bold"></span><span style="font-size:85%;"><p><br /></p><p align="right">luís filipe pereira<br /></span><br /></p>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com58tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-36986395637724959102010-03-22T03:52:00.000-07:002010-03-22T05:24:46.610-07:00O POEMA COMO TRAÇO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn3IA3TOL5woHPqBi3VqhmcqbFIZXUwhchlpaCnoxmcf4hQQ8kaIMw2cR45SE8sftUOdt9dw_OHyekXI_BtjnO5RwGykFIa6Aho_U-TCW_8MTxrZeENadxyKsb7UBzKSAwelU3Bnsoxto/s1600-h/nozolino.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 265px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn3IA3TOL5woHPqBi3VqhmcqbFIZXUwhchlpaCnoxmcf4hQQ8kaIMw2cR45SE8sftUOdt9dw_OHyekXI_BtjnO5RwGykFIa6Aho_U-TCW_8MTxrZeENadxyKsb7UBzKSAwelU3Bnsoxto/s400/nozolino.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451410099319393186" border="0" /></a><br /><div style="text-align: center;">(Imagem: Paulo Nozolino)<br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd2JhlP-FszW7odtegTXYWRX9T_1HF2_DQ73w7XdxE5nxA8b4dJByenUkhQ0aw31NEBFirUfKQIeegmPYEucZxR55mq8vw0dly2DFMra7Kg_4K6HfmuwwNxlpjpfWzzowEMcCtleOVY14/s1600-h/nozolino.jpg"><br /></a><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">na luz<br />da tua luz<br /></span>como espuma<br />esconsa<br />se requebra<br />o sucessivo.</span><br /><br /><span style="font-size:130%;">horizonte de hastes<br />de barro de asfalto<br />torce-se o tempo<br />à transparência<br />do inerme traço<br />___________<br />a lume<br />irradiando<br /><span style="font-weight: bold;">da lâmpada<br />no seu langor<br />de lâmpada</span>.<br /><br />ouço-te<br />vez primeira<br />no meigo metal<br />vesgo e gasto<br />das palavras<br />esplendidas<br />à margem<br />da gravidade<br />de golpes<br />de genomas<br />de mel.<br /><br />uma treva<br />atrás<br />sabia-me<br />vapor<br />vertido<br />agora<br /><span style="font-weight: bold;">na sombra<br />da sombra<br /></span>cometa<span style="font-weight: bold;"><br /></span>caindo<span style="font-weight: bold;"><br /></span>sequiosa<br />vertigem<br />de saquear<br />das esquinas<br />o sumo<br />das estradas<br />a sabedoria<span style="font-weight: bold;">.<br /><br />vejo-te<br />dançando<br />pássaro<br />estival<br /> espelho<br />deslumbrado<br />entre<br />pálpebras.<br /><br /></span>à volta<br />dos estilhaços<br />com geometria<br />vaga<br />esboço<br />vesperal<br />a cidade<br />gangrena irradiada<br />istmo<br />de vento garroteado<br />eterno êmbolo<br />do verso.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /></span>dou-te<br />os espaldares<br />dos dedos<br />e deixo-te<br />seguir viagem<br />intérminos<br />instantes<br />pelo canto<br />pétreo<br />ângulo de árvore<br />anoitecendo-nos.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /></span>uma treva<br />adiante<br />açude esclarecido<br />eis-me<br />címbalo<br />a monte<br />cravado<br />na noite<span style="font-weight: bold;"><br />sob luas<br />de luas<br /></span>cujas ancas<br />de sal<br />segam<br />caminhos</span><span style="font-weight: bold;"><span style="font-weight: bold;"><span style="font-size:130%;">.<br /><br /></span></span></span><div style="text-align: right;">luís filipe pereira<br /><span style="font-weight: bold;"><span style="font-weight: bold;"></span></span></div><span style="font-weight: bold;"><br /><br /><span style="font-weight: bold;"><span style="font-weight: bold;"></span></span><br /></span><span style="font-weight: bold;"></span></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com49tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-42824955093655378842010-02-28T03:48:00.000-08:002010-02-28T04:58:12.956-08:00CADEIRA INSULAR(imagem: José Pedro Croft)<br /><div align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk1HMqxTM0UE5b7bTp2uwZVSMyhiQd53FbFs4OTTYhJXNBjyER_-f8PV2TETgIqTikxpWY9KNOVluyuPjUHhpa9tavDc9KbfuuAWqZB_GKlgoHfClP2CqI5MC13BzHWcfR8yku5mTKEuw/s1600-h/escultura+de+jos%C3%A9+pedro+croft.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 310px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443262195207130562" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk1HMqxTM0UE5b7bTp2uwZVSMyhiQd53FbFs4OTTYhJXNBjyER_-f8PV2TETgIqTikxpWY9KNOVluyuPjUHhpa9tavDc9KbfuuAWqZB_GKlgoHfClP2CqI5MC13BzHWcfR8yku5mTKEuw/s400/escultura+de+jos%C3%A9+pedro+croft.jpg" /></a><br /><br />Dedico este poema à Bri e ao reflorescer da Madeira</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">É de água este silêncio</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">(se pudesse rasurava a água)</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Escuta-o mudo o meu sangue</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Frente às flores submersas</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Entre pedras rodando dentro</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Das corolas doridas dos ossos</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">No vão do muro</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">O ombro das vésperas</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">De veias.</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Onde existe o olor da vida</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Enfim lavrado o litoral</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Do espelho?</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">[O rumor iniciou-se nas rótulas</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Inclinei-me inteiro depois</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Da cadeira ao crânio</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Na direcção distante</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Da fragílima fábula</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Duma encefálica ribeira</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">(se pudesse rasurava as ribeiras todas)</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Sonora soçobrou</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Qual haurido hemisfério</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">A minha alma</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">É com silêncio e sangue</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Ardendo ambos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Que olvido a voz da chuva</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">(se pudesse rasurava a chuva)</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">A obcecante carne a oxidar-me</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Sobre os joelhos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Após o branco</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">Eu uma bramida barca</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">À boca dos mil muros erodidos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">(ao rés da vacilação da água rasurada)</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;">o espelho estilhaçado]</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">A cadeira deixada para trás</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Sentar-se-á nela o lugar</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Do leitor?</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">A ideia é fazê-lo aliar-se</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">À outra vertente do muro</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">A que começa no chão</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Mutilado de alma</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">Após as cegas chagas</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">As que ardem ainda </span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;">na cadeira</span></strong></div><div align="left"><strong><span style="font-size:130%;"></span></strong> </div><div align="right"><strong><span style="font-size:130%;">luís filipe pereira</span></strong></div><div align="right"> </div><div align="left"><br /></div><div align="right"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com47tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-21092233007692150722010-01-17T17:03:00.000-08:002010-01-17T18:14:34.469-08:00Viajante de verão dentro da VIAGEM DE INVERNO/Schubertpoema viandante que dedico ao momento magnífico que ontem, no CCB, vivi pela voz de <strong>Rufus Müller</strong>, pelas mãos de <strong>Maria João Pires</strong>, pela música de Schubert, pelos versos de <strong>Wilhelm Müller</strong> de <em>Winterreise (Viagem de Inverno)</em><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU2agpKkUFEmnx_DHCE16cIFaRCeYjVMHVajxbhEZ9D-Z0khMDUKYthz1kxXz7Ws7PgTv7DBaeWgbzA5OjHFu88XRVHsXBix2qowkoY-E7gJgXcTo_snhDoKqomWhDlj9lGwPwm_Gx3_g/s1600-h/f1VIAGEMDEINVERNO.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 108px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427880163125205826" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU2agpKkUFEmnx_DHCE16cIFaRCeYjVMHVajxbhEZ9D-Z0khMDUKYthz1kxXz7Ws7PgTv7DBaeWgbzA5OjHFu88XRVHsXBix2qowkoY-E7gJgXcTo_snhDoKqomWhDlj9lGwPwm_Gx3_g/s400/f1VIAGEMDEINVERNO.jpg" /></a><br /><div align="right">Gute Nacht</div><div align="right">Fremd bin ich eingezogen,</div><div align="right">Frem zieh' ich wieder aus.</div><div align="right">Der Mai war mir gewogen</div><div align="right">Mit manchem BlumenstrauB.</div><div align="right">_____________________</div><div align="right">Boa-Noite</div><div align="right">Estrangeiro, cheguei.</div><div align="right">E estrangeiro parto.</div><div align="right">Maio acolheu-me favorável</div><div align="right">Com muitos Ramos de flores</div><div align="right">(Wilhelm Müller)</div><div align="left"><strong>Lá fora, o verão fustiga vagamente</strong></div><div align="left"><strong>os seus frutos.</strong></div><div align="left"><strong>Flutua a planície sede fora</strong></div><div align="left"><strong>num ondulado frio,</strong></div><div align="left"><strong>a arder.</strong></div><div align="left"><strong>Ouço o refulgir espesso do mar</strong></div><div align="left"><strong>de milho esquecido nas eiras.</strong></div><div align="left"><strong>Pouso a cabeça sobre o som,</strong></div><div align="left"><strong>atiço a sombra do sonho.</strong></div><div align="left"><strong>Com o vento -</strong></div><div align="left"><strong>este segredo de sede a vogar</strong></div><div align="left"><strong>nas minhas mãos -</strong></div><div align="left"><strong>vagueio pela casa.</strong></div><div align="left"><strong>Sento-me sobre os calcanhares</strong></div><div align="left"><strong>dos vultos, entrelaço-os no canto.</strong></div><div align="left"><strong>Ao fundo, fitam-me, vagarosos,</strong></div><div align="left"><strong>os degraus pensativos dando a ver</strong></div><div align="left"><strong>a porta.</strong></div><div align="left"><strong>Mais ao fundo, sob a secura </strong></div><div align="left"><strong>dum girassol de gelo e fogo,</strong></div><div align="left"><strong>escuta-me o eco, imóvel, do poço.</strong></div><div align="left"><strong>Até às entranhas entardeço.</strong></div><div align="left"><strong>Escrevo na escada estival </strong></div><div align="left"><strong>os teus passos. deixo-lhes,</strong></div><div align="left"><strong>no mais escuso degrau uma urze</strong></div><div align="left"><strong>e esta dedicatória que desponta:</strong></div><div align="left"><em><strong>lê lentamente a subida, alonga-lhe</strong></em></div><div align="left"><em><strong>o som. desci à cave quebrada onde</strong></em></div><div align="left"><em><strong>o vento é quase compacto, quase</strong></em></div><div align="left"><em><strong>latido de lume. desci às camadas</strong></em></div><div align="left"><em><strong>mais frias e fundas das calmas</strong></em></div><div align="left"><em><strong>variações da casa.</strong></em></div><div align="left"><strong>Desço à cave.</strong></div><div align="left"><strong>Estou no centro, na traqueia</strong></div><div align="left"><strong>da treva lenta.</strong></div><div align="left"><strong>Teias entrançadas, de brisas de aranhas </strong></div><div align="left"><strong>de bocas, espalham o espaço em torno.</strong></div><div align="left"><strong>Sinto uma tranquilidade saturada,</strong></div><div align="left"><strong>o ressequido em redor, sem nome.</strong></div><div align="left"><strong>Escorre-me o pensamento,</strong></div><div align="left"><strong>lança e lâmina,</strong></div><div align="left"><strong>pelos pilares, pelo que sobra das raízes</strong></div><div align="left"><strong>submersas no esguio meio-dia</strong></div><div align="left"><strong>dos escombros.</strong></div><div align="left"><strong>Cá dentro, deixo uma lágrima</strong></div><div align="left"><strong>morrer-me.</strong></div><div align="left"><strong>Nos dedos tão audível é o marulho</strong></div><div align="left"><strong>duro da vida, do vento: altissonante</strong></div><div align="left"><strong>abandono.</strong></div><div align="left"><strong>Nenhuma lágrima.</strong></div><div align="left"><strong>Nenhum passo teu,</strong></div><div align="left"><strong>porque nenhuma estalactite</strong></div><div align="left"><strong>a cair-me nos pés,</strong></div><div align="left"><strong>porque frio fruto nenhum</strong></div><div align="left"><strong>a anunciar-me que chegaste.</strong></div><div align="left"> </div><div align="right">luís filipe pereira</div><div align="left"><em></em> </div><div align="left"><em></em> </div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com57tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-91856274985570004742010-01-11T03:46:00.000-08:002010-01-11T04:10:59.073-08:00PUBLICAÇÃO DE MEU CONTO "A CIDADE" NA REVISTA UMBIGO/DEZEMBRO 2009<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkxG99msmAA2xWT0QcQCO29lu0RMxw6Up1dG05NuS7hdLxPP6bH5at0UDaPO_xfIHpmDOyB3GUk4nZZU7coOulNLCA44qmgUWyOkKEM2SUl3YfF0JYF68Jg2mTIv38pI5ZKpCRgjf6wRo/s1600-h/capa+umbigo+dezembro.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 281px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425448072026304530" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkxG99msmAA2xWT0QcQCO29lu0RMxw6Up1dG05NuS7hdLxPP6bH5at0UDaPO_xfIHpmDOyB3GUk4nZZU7coOulNLCA44qmgUWyOkKEM2SUl3YfF0JYF68Jg2mTIv38pI5ZKpCRgjf6wRo/s400/capa+umbigo+dezembro.jpg" /></a><br /><div align="justify">(Com todos os visitantes e intertextuantes deste (vosso) espaço, partilho um breve trecho do meu conto "A Cidade" (ilustrado - brilhantemente, na Revista Umbigo por Colin Ginks - em jeito de repto para que desejem lê-lo na íntegra através da aquisição da Revista já disponível) </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><strong>" Declinamos a marcha sem rumo e surpreendemos o feliz sossego; estamos juntos, matéria urbana de corpos e silêncios, fátuas fornicações sob a verde sombra, impudicamente.</strong></div><div align="justify"><strong>Pelo menos os troncos são sólidos e, com paciente fúria fálica, erguem-se até ao azul, tão real, tão extenso: omoplatas comburentes no petróleo obsceno das tardes.</strong></div><div align="justify"><strong>Olhando o azul cabisbaixo, gasto e irrefutável, refractado nos teus olhos que alimentam, como treva tenra de frutos, a minha viagem dentro da nossa viagem, sinto um ponteiro de afecto: sou capaz de responder à tua pergunta em suspenso, e que era, tão-somente, a meta do som além da surdez.</strong></div><div align="justify"><strong> <em>Sim. há uma luz esperando-nos após a madeixa de pólvora.................... dos passeios: há um apeadeiro levantando-nos como estacas de verão em que as nossas bocas fiquem à sombra e</em></strong></div><div align="justify"><strong><em>âncoras soterradas para partirmos, para seguirmos juntos no estibordo do grito, no focinho da alvorada que, torneada a fome, nos abrirá o clarão das janelas de um canil fraterno: o sabor marginal de uma casa humana."</em></strong></div><div align="right">luís filipe pereira<br /></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-31303030367616835542009-12-20T12:07:00.000-08:002009-12-20T13:24:00.036-08:00WILL IT EVER END?<div align="center"> </div><div align="center">(Imagem: <em>end of concert </em>de manuel luis Cochofel, a quem dedico este poema)</div><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-TZMFU4g0vlRwWFWS9HP8XGz60ZGP5v9GZvlUGH0J3vJ3YdtrN7-9uNOrsnJkCE2Zd0YjFYzPBYsIXfaGcCD-CPwVBSYWAhuBpHvxizO_GqB7wA3-FkUXh8qRFTrsZqgoloY_SlIsq3U/s1600-h/end+of+concert+de+cochofel+(www.cochofel.net).jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 398px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417412892071461186" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-TZMFU4g0vlRwWFWS9HP8XGz60ZGP5v9GZvlUGH0J3vJ3YdtrN7-9uNOrsnJkCE2Zd0YjFYzPBYsIXfaGcCD-CPwVBSYWAhuBpHvxizO_GqB7wA3-FkUXh8qRFTrsZqgoloY_SlIsq3U/s400/end+of+concert+de+cochofel+(www.cochofel.net).jpg" /></a></div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="left"><strong>Plácidos pistos, cujos sonhos</strong></div><div align="left"><strong>convergem para a pedra</strong></div><div align="left"><strong>das sonoridades,</strong></div><div align="center"><strong> ou à volta da tuba fluvial</strong></div><div align="center"><strong> do fragílimo tempo havido,</strong></div><div align="left"><strong>vão ateando a cóclea das nuvens,</strong></div><div align="left"><strong>como à flor eterna do estribo vão,</strong></div><div align="center"><strong> ou as soltas cinturas ensombradas</strong></div><div align="center"><strong> no capilar espaço do som,</strong></div><div align="left"><strong>Esvaziadas pelo vento</strong></div><div align="left"><strong>cegas mãos</strong></div><div align="left"><strong>ao longo das água da véspera desli</strong><strong>zam </strong></div><div align="left"><strong>a sua aspereza de cinza,</strong></div><div align="center"><strong> ou de chuva obliquando </strong><strong></strong></div><div align="center"><strong> </strong><strong>até ao oval canal da ausência,</strong></div><div align="left"><strong>tingidas da musical margem tacteiam</strong></div><div align="left"><strong>a lonjura trémula dos lábios,</strong></div><div align="center"><strong> ou prólogos a oxidar céu adentro</strong></div><div align="center"><strong> tão rentes estão da orla do rumor,</strong></div><div align="left"><strong>Demoradamente sentado</strong></div><div align="left"><strong>à boca de bigorna displiciente</strong></div><div align="left"><strong>o eco estende-se e espelha-se</strong></div><div align="left"><strong>infinitamente,</strong></div><div align="left"><strong>repercutindo o som no som,</strong></div><div align="left"><strong>repicando a chuva na chuva</strong></div><div align="left"><strong>Resta uma curva a refluir rútila,</strong></div><div align="left"><strong>a cercear com sebes</strong></div><div align="left"><strong>de libérrima sede</strong></div><div align="left"><strong>o lume da linha,</strong></div><div align="center"><strong> ou o ouvido ubíquo a estuar </strong></div><div align="center"><strong> pelo mais adiante </strong><strong>da negra transparência </strong></div><div align="center"><strong> sobrando do que em nós é sopro. </strong></div><div align="right"><strong></strong> </div><div align="right">luís filipe pereira</div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com56tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-76735395490715916122009-12-04T04:37:00.000-08:002009-12-04T05:16:45.333-08:00PERCURSO (a partir da Fotografia de Mafalda Mimoso: ethereal love(rs))<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5hrrXXaA-B5wbm1AI31Pl-Mpf7IT6QDtga7SDgKgzN3K_xRI3TZsm5UuEthbplh0ma2JRdAJur4CsGy00sUFUc_hwjYbMcqB6ewVNiBRbmSgOuYSaNw_MsUpFGFy6ApuAjnbBf5Xorus/s1600-h/ethereal+love(rs),+mafalda+mimoso.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 302px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5411360323235385250" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5hrrXXaA-B5wbm1AI31Pl-Mpf7IT6QDtga7SDgKgzN3K_xRI3TZsm5UuEthbplh0ma2JRdAJur4CsGy00sUFUc_hwjYbMcqB6ewVNiBRbmSgOuYSaNw_MsUpFGFy6ApuAjnbBf5Xorus/s400/ethereal+love(rs),+mafalda+mimoso.bmp" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><strong>somente chegar</strong><br /><strong>ao promontório dos lentos lenhos</strong><br /><strong>da língua,</strong><br /><strong>margear o destemor dos destroços</strong><br /><strong>aéreos</strong><br /><strong>da música:</strong><br /><strong>chegar ao limiar do vento.</strong><br /><strong>com o mar</strong><br /><strong>pudesse eu obliquar</strong><br /><strong>para as vértebras primeiras das ervas</strong><br /><strong>aprumando-se </strong><strong>até à uníssona traqueia</strong><br /><strong>de esguios troncos de lume</strong><br /><strong>em que enlouquecêssemos</strong><br /><strong>numa veia de luz.</strong><br /><strong>somente esta vontade de ver</strong><br /><strong>em teus lábios,</strong><br /><strong>iguais a frágeis bagas do fogo mais bravio,</strong><br /><strong>destilar-se a verde espiral dos dias eriçados.</strong><br /><strong>segredar a esmo as eiras de sede dos desertos</strong><br /><strong>e ficar, inexterminavelmente, voltado,</strong><br /><strong>como árvore horizontal </strong><br /><strong>na chama do horizonte,</strong><br /><strong>para a embocadura ébria dum verso.</strong><br /><strong>permanecer em teus ramos</strong><br /><strong>com pálpebras de vento</strong><br /><strong>cingindo-nos.</strong><br /><strong>somente chegar à ribanceira,</strong><br /><strong>sem cordas,</strong><br /><strong>e vencer o rio de terra da tua voz</strong><br /><strong>à tona das rajadas,</strong><br /><strong>atingir a mais arbustiva água:</strong><br /><strong>sombra que desenhe o sabor</strong><br /><strong>do fruto prometido.</strong><br /><br /><div align="right">luís filipe pereira </div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com36tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-32701919285330465442009-11-27T06:57:00.000-08:002009-11-28T12:36:41.097-08:00EPIGRAMA PARA UM ARCO DE ESPUMA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgubNgFPS15_GyGbO2pyZ_XKbQgnXqHA-WUqm_Lbod-J6b79CyYqV1WR8OWx8QZtUDgSZz-SIk3DEKHdawelTMzLMt5VYPSQA2sGwVcfBBbI2EANj4cH9ZWW5MZ6C61FtSfWooJDDK4EQc/s1600/DSC01370.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 301px; DISPLAY: block; HEIGHT: 330px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5409245901213295186" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgubNgFPS15_GyGbO2pyZ_XKbQgnXqHA-WUqm_Lbod-J6b79CyYqV1WR8OWx8QZtUDgSZz-SIk3DEKHdawelTMzLMt5VYPSQA2sGwVcfBBbI2EANj4cH9ZWW5MZ6C61FtSfWooJDDK4EQc/s400/DSC01370.JPG" /></a><br /><div><span style="font-size:78%;">foto de luís filipe pereira </span><br /><div align="center"></div><br /><div align="center"><strong>embica o vento para o vão das minhas veias</strong></div><br /><div align="center"><strong>qual esboço de pássaro em des</strong></div><br /><div align="center"><strong>equlíbrio</strong></div><br /><div align="center"><strong>no versilibrismo lento das vozes litorais:</strong></div><br /><div align="center"><strong>grânulos de lume,</strong></div><br /><div align="center"><strong>somos à sede resgatados</strong></div><br /><div align="center"><strong>até limiares de barcos que baloucem</strong></div><br /><div align="center"><strong>nas razões, recentíssimas, das águas.</strong></div><br /><div align="center"></div><br /><div align="right">luís filipe pereira </div></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-91010735167303633662009-11-11T17:57:00.000-08:002009-11-11T18:26:41.390-08:00NOCTURNOpintura de Gracinda Candeias: "sem título"/1990<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFTpLMXkNmv8LNX8dlbIG-t1Snd5eRpKO2vH8LR7xjfygpljzqdvRTaPMrzYZcYcrR7VQAyiNsp4RHWJestQmvskaFEIL1ZZ1OJdFgeraxi8PEeGfiDrbMwxhAHPRLY8YA9XUFB4jLdyU/s1600-h/Gracinda-Candeias_S-titulos-1990.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 263px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5403030553019590194" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFTpLMXkNmv8LNX8dlbIG-t1Snd5eRpKO2vH8LR7xjfygpljzqdvRTaPMrzYZcYcrR7VQAyiNsp4RHWJestQmvskaFEIL1ZZ1OJdFgeraxi8PEeGfiDrbMwxhAHPRLY8YA9XUFB4jLdyU/s400/Gracinda-Candeias_S-titulos-1990.jpg" /></a><br />com um compasso,<br />num vaivém imóvel<br />de lentíssimo rio,<br />desenho um sol<br />dentro da noite<br />que em meus dedos<br />anoitece,<br />cansada de ser noite.<br />aponto às constelações,<br />na raiz da escuridão rasurada<br />como réptil errante,<br />a agulha, o carvão.<br />concebo um sol,<br />uma máquina de luz<br />ou uma fieira<br />fragílima<br />de radículas:<br />algo que abra<br />a extinta boca<br />da lava extraviada.<br />com o círculo a meio<br />hesito.<br />poderia fazer recuar a agulha<br />avançando a lasca de carvão<br />para retocar a lua.<br /><br />troco a hesitação pelo hábito<br />do sol que virá.<br />é o sol claro, a luz intrínseca,<br />a sua chama de sepultar os ossos<br />da noite que, vertiginosamente, desejo,<br />desenhando-o.<br />é o sol largo: lábio devasso,<br />minuete descompassado.<br />só ele apagará a ausência,<br />a dor que ela espanca em pleno vento.<br /><br />sei que a flâmula da noite<br />está agora emoldurada<br />de uma angústia diferente:<br />reverbera rente ao sol<br />concebido a compasso<br />um vento mais emudecido.<br /><br />só quis queimar essa ausência<br />nas imediações do lume,<br />no diâmetro livre da luz.<br />sei que foi em vão.<br /><br />luís filipe pereira<br /><br /><div align="right"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-73741204085514224192009-10-26T12:15:00.000-07:002009-11-28T12:38:31.523-08:00LANÇAMENTO DO LIVRO RENTE À MEMÓRIA (Contos e uma Novela) DE FERNANDA APOLINÁRIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrYnmnvUROQgABFNihpuWNKTmsBMUsRK_3MT-bDU1MhWgcwdJPD5IOAUXDQ4O444sCZRdB9aJuyziHlu1WZ5HmtE27_LXawQ3INhBbKev6Li4xKd88n1S9bQ1mApYzcaxpd9KfEx6N86o/s1600-h/DSC01533.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402666669698225810" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrYnmnvUROQgABFNihpuWNKTmsBMUsRK_3MT-bDU1MhWgcwdJPD5IOAUXDQ4O444sCZRdB9aJuyziHlu1WZ5HmtE27_LXawQ3INhBbKev6Li4xKd88n1S9bQ1mApYzcaxpd9KfEx6N86o/s400/DSC01533.JPG" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOB-Nd_5jaMNZj0zMbL-d1PjC2O4-1Wo3nj2zbiH9Ik9O1x9kzRy-H0Adb7ZQvJW4fNHdT61j1P2I9nTSBGWG8aA-bKjdXRFujYFduxQqplV9Gj5V-DuqK5Sfa7faKE2JX9Vq2SPW9wJ0/s1600-h/capa+de+Rente+%C3%A0+mem%C3%B3ria.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 372px; DISPLAY: block; HEIGHT: 194px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402665054273461362" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOB-Nd_5jaMNZj0zMbL-d1PjC2O4-1Wo3nj2zbiH9Ik9O1x9kzRy-H0Adb7ZQvJW4fNHdT61j1P2I9nTSBGWG8aA-bKjdXRFujYFduxQqplV9Gj5V-DuqK5Sfa7faKE2JX9Vq2SPW9wJ0/s400/capa+de+Rente+%C3%A0+mem%C3%B3ria.JPG" /></a><br /><div><div><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Sá</span></strong><strong><span style="color:#000099;"><span style="font-size:130%;">bado, dia 31 de Outubro, pelas 16.30, no Fórum Municipal Romeu Correia/ Almada, tive o enorme prazer de fazer a apresentação do livro (para o qual redigi o Posfácio) RENTE À MEMÓRIA da autora Fernanda Apolinário.</span></span></strong><br /></div><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="color:#000099;">Agradeço em meu nome e em nome da autora a todos quantos puderam estar presentes, assistindo ao nascer de um livro que traz para o território da literatura uma ficcionalização inovadora da temática da memória, num evento que, estou certo, ficará cerzido na memória de cada um de nós. </span></strong></div><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="color:#000099;">Conto a conto, a autora procura, a partir de fundas vivências, dar a ver aos leitores a polpa da realidade memoriada: uma realidade que nos é oferecida através de uma escrita sensível, humanista e epidérmica: a memória feita matéria de que somos feitos. </span></strong></div><br /><br /><div align="justify"><strong><span style="color:#000099;">Tanto nos contos como na novela, que constituem o corpo narrativo da obra, Fernanda Apolinário apresenta-nos um caleidoscópio de memórias na sua exterioridade mais pura, em que o evocado - o tocado, o vislumbrado, o escutado, o cheirado, o saboreado, o dito e o silenciado - se torna rente; como se a autora, através de múltiplas vozes narrativas, se tornasse uma Penélope de «teias entrelaçadas», cujos fios se fazem da coragem de re-situar no literário a linguagem e a imagética dos afectos.</span></strong></div><br /><div align="center"><strong><span style="color:#000099;">luís filipe pereira</span></strong> <div></div></div></div></div></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-4448838827467768532009-10-23T09:29:00.000-07:002009-10-23T10:32:10.271-07:00PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE O LANÇAMENTO DE "OS DEUSES NÃO MORAM AQUI" DE MARIA SATURNINO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEET972xfg7ICs-CdqfymvBJtQnkbqMC-p9YB2MxoPcMpgZe4RN_OxlhVqmcCk3HTWFULvgWb38q8hb3XOgas1XoQTdextCHM2hhmeaGKFFnAIjvMnyzDVRvb6EKuOhoG4q8l1UbPccuw/s1600-h/south-africa-kruger-park-baobab-tree-in-sunset-large.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 333px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395836452527078914" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEET972xfg7ICs-CdqfymvBJtQnkbqMC-p9YB2MxoPcMpgZe4RN_OxlhVqmcCk3HTWFULvgWb38q8hb3XOgas1XoQTdextCHM2hhmeaGKFFnAIjvMnyzDVRvb6EKuOhoG4q8l1UbPccuw/s400/south-africa-kruger-park-baobab-tree-in-sunset-large.jpg" /></a><br />Maria Saturnino brindou ontem todos os que tiveram oportunidade de testemunhar o advento do seu segundo livro OS DEUSES NÃO MORAM AQUI com uma mágica sinédoque a entrelaçar margens: Algarve (Tavira) e Moçambique confluiram num delta afectuoso, senha prodigiosa para uma viagem a convocar os sentidos todos: os cheiros e os sons algarvios, as cores e os cheiros de África são-nos ofertados, de forma afectuosa, como memórias em acto, pelas narrativas desta autora.<br /><div align="justify">Maria Saturnino embarca - com a sabedoria cristalina de quem se pergunta, para responder com um não incondicional e genuíno, "se seria a mesma pessoa sem os livros que li!" (p.15) -por dentro da errância, que é o emblema do fascínio pelo acto da escrita, de uma narratividade cujo tom deliberadamente coloquial toca o leitor, ao mesmo tempo que bebe da fonte imorredoura da «ficção do presente» (de um verso de Reinaldo Ferreira, cujo poema integral lemos na p. 138) e que se prende à oralidade rediviva, das mil e muitas histórias contadas à sombra do embondeiro, à sombra do tempo que, lento, lentíssimo, passa por e entre as histórias como se dobram e redobram os ramos, com a estatura do mundo, do embondeiro: erigido, aprumado, até aos confins dos céus. Em seu torno, a savana interminável, a aridez inomeável e incendiada,lugar onde o som se espraia sem encontrar ancoragem num eco, numa reverberação. Lugar onde não moram os deuses: lugar em que os deuses são sonhados ao ritmo do assombro e da coragem, lugar da falta, como o amor é lugar do desejo, lugar do que escapa à "pálida razão" (Rimbaud), porque sementeira da vida a haver, do mundo mais humanizado a construir, do mundo mais plural a conjugar.</div><div align="justify">"Às vezes olhava pensativamente para o Monte, e eu perguntava-lhe quem morava lá em cima, ao que me respondia misteriosamente baixando a voz: - Os deuses, minha filha, são os deuses! Enquanto percorrera a savana africana sem ver viva alma, só capim e micaias, pensava:</div><div align="justify">-<strong><em>Os deuses não moram aqui!</em></strong>" (p. 158): Ideia matricial (matriz do Romance por vir como prometeu a autora) deste livro e, exemplarmente, figurada na fotografia da capa do livro da autoria de Fernando Ribeiro.</div><div align="justify">Parabéns Maria Saturnino. Que belo o lugar que é o seu no panorama literário: Um lugar fraterno, profundamente humanista" (Lê-se no Prefácio da Professora Doutora Olga Iglésias), um lugar a que me permito chamar, em mimésis do seu primeiro livro, <em>Entre Margens.</em></div><div align="justify"> </div><div align="justify">Luís Filipe Pereira</div><div align="justify"> </div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-61117927109915171242009-10-19T10:07:00.000-07:002009-11-28T07:21:17.167-08:00CONVITE: LIVRO DE MARIA SATURNINO: QUE VENHAM TODOS LER AS FOLHAS DESTA ÁRVOREluís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-13701626122567835642009-10-08T08:02:00.000-07:002009-10-08T08:52:06.754-07:00AZUL ÓSSEO<div align="justify"><span style="font-size:85%;">(Este meu poema acaba de ser publicado na Revista de Poesia<strong> Saudade</strong>: n.º 11, Junho, 2009. A oportunidade de voltar a colaborar em tão prestigiada Revista surgiu do convite do Poeta António José Queirós, director da mesma, a partir do seguinte repto temático: O Azul. Além do poema que aqui partilho com todos os meus generosos leitores e <em>intertextuantes, </em>permito-me destacar a colaboração neste número da revista de Poetas como Amadeu Baptista, Ana Luísa Amaral, A. Cândido Franco, António Salvado, Fernando Grade, Fernando Pinto do Amaral, João Rui de Sousa, Jorge Reis-Sá, Luís Quintais, Pedro Sena-Lino, Pompeu Miguel Martins, Xosé Lois García, entre vários outros)</span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#000099;"></span></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Correm-me os ossos antes do cristal</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">e da fuligem</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Desaprendo o meu rosto na fronteira</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">do espelho</span></strong></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span> </div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">em que lavam os homens o sorriso</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">ou outra coisa que não a face.</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">No fémur no esterno da página de mim</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">encontro um animal fulminado,</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">sua azul cartilagem de extinto hélio</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">exposta igual a ninhos de aço</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Os ossos a trote num vão retardamento</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">de galope</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">fervem no cálcio calcinado</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">de faíscas </span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">de fisgas </span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">de relâmpagos.</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">A luz ausenta-se do espelho</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">esquia a seara</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">alçando-se na incerta parte</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">do fogo que usurpa a noite pela casa</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">O tempo azul recua em mim</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">caranguejo a cegar os meus passos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Submeto-me às suas inclementes paliçadas</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">às suas garras</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">às suas jaulas.</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Se os ossos trepassem os caules</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">emboscados pelo vento</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">apodreceriam os frutos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">num celeiro de carne</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">numa eira de cinza</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">ceifada por muros</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">por musgos.</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;"></span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">Herdei os ossos e com eles a morte</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">para nela habitar</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">no horizonte das lajes em que os ossos</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">por muito que corram,</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">cavalos a subirem-me as entranhas,</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">já não projectam a cor audível</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-size:130%;color:#000099;">de uma sombra.</span></strong></div><div align="center"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-1403944026693190832009-09-14T15:44:00.000-07:002009-09-14T16:00:51.250-07:00POR UM TRIZ UM NÁUFRAGO<div align="center"><span style="font-size:85%;">(pintura de Carmo Pólvora)</span></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPpKpuEQR7k4DVB4fBP41D1SjG3YGBjAmRMrqXO9PMcGc9K1at9lL5wr2q0DREvUpWsryER6vhLu_HRH8X8b3eStg2Gl-H2MQ0sSJdYbUQNmYvYLy7mzbkipFyhBDeAHD9av5ctMKPXH0/s1600-h/pintura+de+carmo+p%C3%B3lvora.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5381458203995816354" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 140px; CURSOR: hand; HEIGHT: 223px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPpKpuEQR7k4DVB4fBP41D1SjG3YGBjAmRMrqXO9PMcGc9K1at9lL5wr2q0DREvUpWsryER6vhLu_HRH8X8b3eStg2Gl-H2MQ0sSJdYbUQNmYvYLy7mzbkipFyhBDeAHD9av5ctMKPXH0/s400/pintura+de+carmo+p%C3%B3lvora.jpg" border="0" /></a><br /><div> </div><div> </div><div> </div><div align="center"><strong>singra um brilho de barco. </strong></div><div align="center"><strong>sobre a água sobe uma espada<br />sob a ponta da proa.</strong></div><div align="center"><strong></strong> </div><div align="center"><strong>declinam degraus </strong></div><div align="center"><strong>até ao convés.</strong></div><div align="center"><br /><strong>um riso de dor,</strong></div><div align="center"><strong>a ruir,<br />rasga as cordas </strong></div><div align="center"><strong>na flor da boca<br />derradeira.</strong></div><div align="center"><br /><strong>estrelas violentas a afogar </strong></div><div align="center"><strong>a voz. </strong></div><div align="center"><strong></strong> </div><div align="center"><strong>veias que abarcam </strong></div><div align="center"><strong>o tamanho das chagas<br />tombam,<br />a estibordo das pálpebras </strong></div><div align="center"><strong>flageladas.</strong></div><div align="center"><br /><strong>as quilhas nas algibeiras: </strong></div><div align="center"><strong>farrapos que se tragam.</strong></div><div align="center"><strong></strong> </div><div align="center"><strong>bocas que bebem,</strong></div><div align="center"><strong>até ao fim,</strong></div><div align="center"><strong>bóias devastadas,<br />vermelhas bolinas </strong></div><div align="center"><strong>por fora do sangue.</strong></div><div align="center"><br /><strong>azula-se a braçada<br />a cada braçada.</strong></div><div align="center"><strong><br />mas corpo algum abandona </strong></div><div align="center"><strong>a cabeça do grito<br /> a sacudir cabos de sal, </strong></div><div align="center"><strong>até à praia.</strong></div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="left">luís filipe pereira</div><div align="center"> </div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-37281608680944941552009-07-06T17:04:00.000-07:002009-07-06T17:16:04.733-07:00AXIOMA 1: DOIS PONTOS DEFINEM UMA RECTA<div align="center"><span style="font-size:85%;">imagem: Edward Hopper: Freight car at Truro/1931</span></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSowAksU-TZ258TYzfORz57n-pwenerIudM9zOy9xWWunilXcNd5Rwr4PmFQ_T1R5TVZwNzbd1KD_wkch_IhWolbC90zh-vry5qCbo7E_3uEVaGkvdVnJ4W4Vc6LFd_CrIhPkRamr4Pkk/s1600-h/e.hopper,+freight+car+at+truro,+1931.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5355503007646881650" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 284px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSowAksU-TZ258TYzfORz57n-pwenerIudM9zOy9xWWunilXcNd5Rwr4PmFQ_T1R5TVZwNzbd1KD_wkch_IhWolbC90zh-vry5qCbo7E_3uEVaGkvdVnJ4W4Vc6LFd_CrIhPkRamr4Pkk/s400/e.hopper,+freight+car+at+truro,+1931.jpg" border="0" /></a><br /><div align="center">Pesadas como ossos atrelados<br />às carruagens do universo,<br />as minhas pálpebras silvam<br />contra as desmentidas claridades.<br /><br />Se ao menos um cavalo de espigas<br />corresse nos campos de granito.<br /><br />Adormecem nos carris as ávidas<br />giestas dos meus olhos,<br />ao invés dos apeadeiros.<br />Longe lamentam-se os rebanhos,<br />rondando rosas e cisternas<br />riscadas de cor lentíssima.<br /><br />O exílio de ver-te em fuga pelas<br />fronteiras fere-me no horizonte<br />da hospitalidade dos teus alvéolos.<br /><br />Se ao menos experimentasse<br />escadas entre os escombros.<br /><br />Um eco de visão transporta-me<br />ao centro dos amarelos cascos<br />desta fome de falcão que, no alto<br />da cal, cabisbaixo, te contempla.<br /><br />Se ao menos um girassol de sangue<br />alvorecesse nas ervas estelares.</div><div align="center"></div><div align="left">_______________________________________________</div><div align="left">_______________________________________________</div><div align="center"><span style="font-size:78%;">luís filipe pereira</span></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-8364048756614468252009-06-30T04:35:00.000-07:002009-06-30T04:57:09.799-07:00hors-texte: 5 APONTAMENTOS UMBILICAIS (meu poema publicado na revista Umbigo)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgueuHwRGpEKShBMcO9ULTJPQ_dsOk_iNM-pOWmgjAjZ5pjyPpztalNOWR8iCPhSK5uxpZSGkj5I7D2d5zf2yELFiDEXHSy3UACAJEd4YsmPAxFAdzAZVTU-VWXafkgqIfb0tp7vlkrkWM/s1600-h/capa+da+umbigo+sete.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5353083313590470818" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 280px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgueuHwRGpEKShBMcO9ULTJPQ_dsOk_iNM-pOWmgjAjZ5pjyPpztalNOWR8iCPhSK5uxpZSGkj5I7D2d5zf2yELFiDEXHSy3UACAJEd4YsmPAxFAdzAZVTU-VWXafkgqIfb0tp7vlkrkWM/s400/capa+da+umbigo+sete.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Na comemoração do Sétimo ano de publicações da Revista Umbigo, eis que partilho com os os tertextuantes deste blog "Intertextualidades: estou vivo e escrevo sol" o meu poema aí publicado - 5 apontamentos umbilicais (poema com um cambiante erótico muito vincado) - deixando-vos um dos "Apontamentos", porventura acordando o gosto para que leiam na Revista os outros 4 e apreciem a bela ilustração ao poema de Ana Costa, numa revista com inúmeros motivos de interesse: permito-me destacar as matérias sobre Cruzeiro Seixas e Fernanda Fragateiro e, sobremaneira, a entrevista ao fotógrafo Paulo Nozolino (cujas fotos já inspiraram vários textos meus neste blog).</div><br />Eis um dos Apontamentos Umbilicais, para vocês:<br /><br />3.<br />corre o sol nos meus dedos se pouso a língua<br />no teu corpo.<br />mudam de rumo os pássaros nesta sede<br />toda grito toda pressa<br />a prumo nos teus braços.<br /><br />luís filipe pereiraluís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-34217746316252313772009-06-22T15:40:00.000-07:002009-06-22T15:45:55.590-07:00À CONDIÇÃO ESTE ENUNCIADO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9av4DWM_vIh3V63A9dMXrXkmbiJr2MyMkAuB8iA-onT27ZuKk9CFRUidiKjosF1Q5hJmVb7aRuUMPIItQdcByju9tEp7muqR839UvJmPj1jjyGyIzGUeufLD-1bAAygX2eToCP1GwwVI/s1600-h/orq%C3%ADdeas.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5350286030147144722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 201px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9av4DWM_vIh3V63A9dMXrXkmbiJr2MyMkAuB8iA-onT27ZuKk9CFRUidiKjosF1Q5hJmVb7aRuUMPIItQdcByju9tEp7muqR839UvJmPj1jjyGyIzGUeufLD-1bAAygX2eToCP1GwwVI/s400/orq%C3%ADdeas.bmp" border="0" /></a><br /><div align="center"><br /><strong>Se a orquídea branca<br />viesse agora florir na orla<br />aberta dos meus braços<br />sem que percebesse,<br />absorto apenas<br />no evoluir de estames,<br />abriria as mãos<br />para desferir o vento<br />que timbrasse a brusca voz<br />em tingida estrofe,<br />quase queda quase caminho,<br />qual nome que virasse nuvem<br />à volta do meu tronco,<br />que cruzasse descruzasse<br />os meus dedos perceptíveis<br />entre estreladas pétalas<br />por todos os lados<br />Se a orquídea branca<br />viesse agora florir<br />rasparia o sol que roçasse<br />o meu corpo todo:<br />sólido tamanho de sépalas,<br />fugaz fogo ténue timbre,<br />indemne espaço que inventasse:<br />orquídea + estrofe = istmo orquestral.</strong></div><div align="center"><strong></strong> </div><div align="center"><strong></strong> </div><div align="left"><strong></strong> </div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-87544457667762783722009-06-10T16:33:00.000-07:002009-06-10T16:51:41.613-07:00AGORA EM MEUS DEDOS ONTEM<div align="center"> <span style="font-size:85%;"> <strong>(dedico este poema à Professora Doutora Isabel Clemente)</strong></span></div><div align="left"> </div><div align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd6pAusD7xlrMxZ3kB0RuWfHFfu4ZfUq55cSTH2KvbjXsB6lszJe417cBVzTZwSSQO7gMCHUEuyV5pz7Rbp1TDKNhPX1V28XMNMRpzgcoiURyhHiLtrgKPdqOUQcP7m85FOKE1zdAm4T8/s1600-h/hopper-room-sea.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345846536914892978" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 289px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd6pAusD7xlrMxZ3kB0RuWfHFfu4ZfUq55cSTH2KvbjXsB6lszJe417cBVzTZwSSQO7gMCHUEuyV5pz7Rbp1TDKNhPX1V28XMNMRpzgcoiURyhHiLtrgKPdqOUQcP7m85FOKE1zdAm4T8/s400/hopper-room-sea.jpg" border="0" /></a></div><div align="right"><span style="font-size:78%;">Imagem: E.Hopper</span></div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Do mar recebi, mansa como a maçã sobre a mesa,</div><div align="justify"><br />uma epístola a franzir o farol fiel dos meus medos.</div><div align="justify"><br />Cerrei a casa. Voltei para o centro da carne as cortinas.</div><div align="justify"><br />Como versos as descosi depois. Agora, no seco sabor</div><div align="justify"><br />em mim dançando, dedilho a rebentação das roídas</div><div align="justify"><br />margens: de folhas, como feixes de dores e de esquinas, </div><div align="justify"><br />em que espreito a cerzida derrocada das espumas. </div><div align="justify"><br />Fechei o vento. Depois o vidro. O farol fiel estremeceu-me </div><div align="justify"><br />as têmporas. Tenra, a maçã balança na trança epistolar: </div><div align="justify"><br />agora é apenas a mesa e o medo: crepúsculo contra o crepúsculo.</div><div align="justify"><br />No puro arbítrio das águas preparei no sangue a batalha.</div><div align="justify"><br />Na polpa dos dedos tresleio agora o pretérito porvir de tudo.</div><div align="justify"><br />Banhei-me no mar, lento levantando-me nas macieiras, </div><div align="justify"><br />e ávido arredando-me dos baixios, para que um sol de bojo largo</div><div align="justify"><br />permanecesse hausto e haste, agora e ontem, no lugar de sempre.</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="right"><span style="font-size:85%;">luís filipe pereira<br /></div></span><div align="center"></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7488284284418634853.post-69544389566076184592009-05-31T13:33:00.000-07:002009-05-31T14:07:30.033-07:00LARANJAS DE MAIO (dedico este poema a todos os que vieram até ao meu blog colher os frutos de maio)<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcVX2zL2TB-5zveXfmaKSFhjYJAKXu_3WvKHKlFvGnyrceBSrz3NO6yX8J1w6HCOEvI3mXk9RQa0ITyR2609kXjG_638thAH-teGAsw5SOxkQAc41bNVmi4F0ubkuybrnncNiF10Hpw3E/s1600-h/colhendo_laranjas,+2006+jo%C3%A3o+werner.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342089285528824754" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 286px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcVX2zL2TB-5zveXfmaKSFhjYJAKXu_3WvKHKlFvGnyrceBSrz3NO6yX8J1w6HCOEvI3mXk9RQa0ITyR2609kXjG_638thAH-teGAsw5SOxkQAc41bNVmi4F0ubkuybrnncNiF10Hpw3E/s400/colhendo_laranjas,+2006+jo%C3%A3o+werner.jpg" border="0" /></a> imagem de joão Werner/2006<br /><br /><br /><div align="justify">Amanhã </div><div align="justify"><br />Quando vier o vento</div><div align="justify"><br />Deslizar na ave de água</div><div align="justify"><br />Adstrita à madrugada</div><div align="justify"> </div><div align="center"><br /> Seguirei o som das laranjas<br /> Sob o sol macio de maio</div><div align="left"><br /><br />Amanhã</div><div align="justify"><br />Quando cair a janela</div><div align="justify"><br />Como folha desfeita </div><div align="justify"><br />Na foz dos dedos</div><div align="justify"><br />Encontrarei nas ervas</div><div align="justify"><br />Uma jangada de verdura </div><div align="justify"><br />Afagando-me os joelhos</div><div align="center"><br /> Ficarei com os fios dos jardins<br /> Amá-los-ei no poema com os periféricos<br /> Pulmões dos nomes<br /> Dóceis de árvores</div><div align="left"><br /><br />Amanhã</div><div align="justify"><br />Entre os gomos do mar </div><div align="center"><br /> Cerca dos corais das laranjas lentas</div><div align="justify"><br />E os polegares </div><div align="center"><br /> Que inclinados no ígneo vento da voz</div><div align="justify"><br />Irão percutir</div><div align="center"><br /> Pingo a pingo</div><div align="justify"><br />O bando de águas </div><div align="left"><br />Que virá beber</div><div align="center"><br /> Nas cascas vazias </div><div align="center"><br /> Dos meus bolsos</div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="right">luís filipe pereira</div><div align="justify"> </div></div>luís filipe pereirahttp://www.blogger.com/profile/14759550225534753165noreply@blogger.com21