(Imagem: end of concert de manuel luis Cochofel, a quem dedico este poema)
Plácidos pistos, cujos sonhos
convergem para a pedra
das sonoridades,
ou à volta da tuba fluvial
do fragílimo tempo havido,
vão ateando a cóclea das nuvens,
como à flor eterna do estribo vão,
ou as soltas cinturas ensombradas
no capilar espaço do som,
Esvaziadas pelo vento
cegas mãos
ao longo das água da véspera deslizam
a sua aspereza de cinza,
ou de chuva obliquando
até ao oval canal da ausência,
tingidas da musical margem tacteiam
a lonjura trémula dos lábios,
ou prólogos a oxidar céu adentro
tão rentes estão da orla do rumor,
Demoradamente sentado
à boca de bigorna displiciente
o eco estende-se e espelha-se
infinitamente,
repercutindo o som no som,
repicando a chuva na chuva
Resta uma curva a refluir rútila,
a cercear com sebes
de libérrima sede
o lume da linha,
ou o ouvido ubíquo a estuar
pelo mais adiante da negra transparência
sobrando do que em nós é sopro.
luís filipe pereira