quarta-feira, 28 de abril de 2010

DAQUI EM DIANTE

(Imagem: Escultura de Baltazar Torres, Wave/2009)


para Fernanda Apolinário





É submersa em meu sangue

que mora a memória

dum mundo


na sua força de epigrama


na sua fala de esporângio


dum mundo


à beira da boca


como angular


asa por abrir


É rente ao remo


que se afunda


qual onda sob os ombros


da medida das manhãs


o ritmo das dispersas


varandas de sal


como a verdade espessa



em eólicos dedos



É na florida fronte


em padrão coeso

qual cálamo rendado de cais


que nos confins de pedras


de pássaros


afora de todo o espaço


se ergue o vento


como efémera estaca


do sonho


sem medida sacudido


quase veia flectida


sobre os filetes do verão


quase queda


quase dança

dum mundo nu de mundo


já dobra de nuvem

de nome

na janela


a rebrilhar


ribeiras vermelhas

brancas


no estanho desolado

baço

exogenamente riscado


do esquecimento.



luís filipe pereira