sexta-feira, 20 de junho de 2008

Acaba de ser publicado na Revista Umbigo este meu conto:Eis o início-convite

O escritor à procura da personagem


Vicente estava sentado a uma mesa num café de aldeia igual a tantos outros cafés de aldeia. O sol incendiava-lhe os joelhos sob as calças brancas da cor do tampo da mesa macerado de manchas, círculos de borras, nomes a canivete. Pediu um café. Era meio da tarde. Os pássaros debicavam migalhas e sombras.

11 comentários:

Anónimo disse...

VICENTE
ARMINDA
CAO
ALICE-FLOR...

FILIPE ADOREI, ADOREI,ADOREI...
MUITO OBRIGADA POR ME PROPORCIONAR UM LINDO MOMENTO DE LEITURA ENTRE A INTERPRETAÇÃO DO SONHO, DA ALUCINAÇÃO, DA IMAGEM FOTOGRÁFICA, DO MOVIMENTO LENTO, DE SENTIR A SOLIDAO INEXISTENTE...
AI COMO GOSTEI!!!


QUERO MAIS!!!! É PEDIR MUITO?
BEIJO DE INES
:)


--
.IN ATELIER
Rua Diário de Notícias N.º 148 LX
Inês Nunes

Anónimo disse...

Parabéns luís filipe pereira.Fabulosa ficção. Um conto sublime.Grandíssimo escritor.
J.M.

Anónimo disse...

Li o seu texto e achei-o fantástico, pleno de imagens que despertam. Ficou-me na memória a passagem..."As calças do marido enforcadas no estendal. As calças do marido secando na forca de mil sóis eram letra-morta. Os bolsos dependurados de cós. A bragaguilha aberta com ferrugem no fecho espaventando na brisa cálida era letra-morta.(...)"Não sou". "Não existo". Disse Arminda."

Obrigada Filipe espero que escreva muitos mais contos.

Gisela Ramos Rosa

Anónimo disse...

Desculpas pela gralha em "braguilha"...GRR

Anónimo disse...

Parabéns à Umbigo, à ilustradora. Parabéns ao excelente contista, poeta de contos e poeta de vidas e de margens. Obrigado, mais uma vez, filipe.Mais Contos Filipe. Mais textos no blog, Nunca me feche esta luxuosa janela de um grande escritor.

S. Costa

Anónimo disse...

Parabéns Luís Filipe. O conto é fabuloso, pleno de subentendidos, uma metáfora do ficcional: o Escritor à procura da personagem e a personagem à procura do escritor. Que forma de narrar: visual, poética, intensa, profunda.
Parabéns...............

Anónimo disse...

Para quando um Conto mais? Que maravilha. Adoro a sua escrita!
Joana

Anónimo disse...

Conto que percorre um ambiente simples e quente. Personagens que se entrelaçam e conjugam nos afectos. O enredo, como conflito interno entre o imaginário e uma suposta realidade.

Um café. Uma mesa com as marcas ou registos de presença dos vários utilizadores. Um cão, que acarinha a imagem. A sardinheira, Alice, a companheira e amiga, sempre presente aos olhares e conversas. O Vicente e a Arminda, as personagens humanas que servem de pretexto ao próprio narrador do conto, afinal, o próprio e sua esposa:
- Se eu morresse, como se sentiria a Arminda? Qual o seu comportamento, perante a viuvez?
Então…
- Vou fazer companhia à Arminda, antes que seja tarde demais…

Um conto que sabe prender o leitor, do princípio até ao fim. Gostei muito! Boa opção na escolha, da Revista Umbigo!
Um grande abraço amigo, Luís Filipe!
DiteApolinario

Anónimo disse...

O teu conto navegou um pouco mais e desembarcou neste lugar in mare. Obrigada por me teres dado a honra de brindar com a criação dentro da criação, fazendo-me revisitar visões de M.C.Escher.
Foucault perguntou "qu'est-ce qu'un auteur?" e tu re-perguntaste-te-nos o texto, no texto, pelo texto, metaliterariamente. A promiscuidade entre considerandos que a teoria da literatura sempre nos ensinou foi-nos dada a beber em buscas de catarses - como na vida. cheia de procuras mútuas.
quem escreve? quem (nos) lê? quem lemos e quem somos quando lemos?
Obrigada por teres iniciado essa caminhada.
bri

Anónimo disse...

enquanto a vida nos surpreender com encontros inesperados teremos sempre o prazer de disfrutar da sensiblidade...nada é por acaso... depois do café e do prazer da conversa chaguei à conclusão que afinal o dia tinha o encanto do presente e do presente fez parte conhecer a tua escrita e a tua pessoa...

Anónimo disse...

Querido Filipe,

recebi a Revista, obrigada. O seu conto está maravilhosamente ilustrado. É um belo conto onde sempre a magia:
pássaros que "debicam migalhas e sombras", "tintas calcinadas", calças "enforcadas no estendal". A linguagem,
mas não só. Ele, ela, tão ambíguos. .Ele busca uma criatura por si criada, mas que lhe foge, que para si existe,
mas de si própria foge. E das coisas, do nome das coisas. Sabe que muitas vezes sinto essa mesma estranheza
frente a um nome?
Isabel Clemente