domingo, 31 de maio de 2009

LARANJAS DE MAIO (dedico este poema a todos os que vieram até ao meu blog colher os frutos de maio)

imagem de joão Werner/2006


Amanhã

Quando vier o vento

Deslizar na ave de água

Adstrita à madrugada

Seguirei o som das laranjas
Sob o sol macio de maio


Amanhã

Quando cair a janela

Como folha desfeita

Na foz dos dedos

Encontrarei nas ervas

Uma jangada de verdura

Afagando-me os joelhos

Ficarei com os fios dos jardins
Amá-los-ei no poema com os periféricos
Pulmões dos nomes
Dóceis de árvores


Amanhã

Entre os gomos do mar

Cerca dos corais das laranjas lentas

E os polegares

Que inclinados no ígneo vento da voz

Irão percutir

Pingo a pingo

O bando de águas

Que virá beber

Nas cascas vazias

Dos meus bolsos
luís filipe pereira

21 comentários:

Anónimo disse...

E que belíssimos frutos poéticos nos deu a saborear. Sua poesia é espantosa: este poema, que dizer? tão, tão lindo!

I. Moreira

Anónimo disse...

Enquanto se carrega um rio nos ombros e se estica o nariz por cheiro a maçã, os braços estendem-se e colhem laranjas, os frutos macios e ofertados no mês de Maio.
Colorida a pintura, alegrando os olhares de quem passa. Excelente a leitura: "gomo a gomo/pingo a pingo", assim se refrescam as bocas secas, mudas. Hoje e "Amanhã".
Obrigada.

Excelente,caro Luís Filipe Pereira
Fernanda Apolinário

luís filipe pereira disse...

Cara I. Moreira, eis-me grato pela sua presença assídua e generosa neste meu - sempre no plural - blog e pelas palavras generosas sobre os meus textos.
:::::::::::::::::::::::

Caríssima Amiga, cara escritora Fernanda Apolinário, agradeço-lhe a generosidade das palavras, o sabor dos frutos em sementeiras afectuosas. Sem dúvida, gesto que irá ficar suspenso na folhagem da minha Memória.
______________--
grato,
filipe

Anónimo disse...

seguirei, as laranjas de parapeito para que continuem a nascer, amanhã, em maio, e sempre, num pequeno vaso. rui

Anónimo disse...

Caro Professor, Caro Poeta, Caro Amigo,


“Estes versos são uma flâmula diluída”
...
Amanhã
Quando vier o vento
Deslizar na ave de água
Adstrita à madrugada
Seguirei o som das laranjas
Sob o sol macio de Maio”



Que felicidade poder seguir o som das laranjas que se mistura com o deambular dos dedos pelas teclas do piano!

Na minha Terra há laranjas
E há o sol macio de Maio
E também o vento desliza na ave da água.

Agora quando cheirar as laranjas
Recordar-me-ei de ti
Quando me deitar na jangada de verdura
Quando o vento deslizar na ave da água
Pensarei em ti
Quando o sol macio de Maio
Me beijar as faces
Escutarei o som deste piano.

Obrigada, LFP

Sani




Amanhã

Quando cair a janela

Domingos da Mota disse...

Luís Filipe Pereira,

Agradeço (como leitor)estes frutos de maio, que nesta época também poderiam ser cerejas de maio).
Belo poema,

Domingos da Mota

Anónimo disse...

Uma vida inteira a colher os teus frutos, os frutos de uma árvore que cresce a cada segundo: TU.

Adoro-te

Sora

luís filipe pereira disse...

Caro amigo Rui, a gratidão pela tua generozidade de sempre.


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Cara Escritora, Caríssima Amiga Maria Saturnino (sany): eis-me vraiment touché! grato muito, pelo perfume, pelo sabor, pelo alento do seu generoso comentário.

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Caro Poeta Domingos da Mota,
Muito bem-vindo a este meu espaço de intertextualidade e de partilha, muito obrigado pelo comentários generoso, com a minha admiração, saudações poéticas........

filipe

Anónimo disse...

"cerca dos corais das laranjas lentas": imagem belíssima, antológica! O poema: soberbo, verso a verso, pingam laranjas, pigam os sabores verdes da esperança que vale a pena amar assim a Poesia. Obrigado Filipe.

Anónimo disse...

Que se encham de novo os bolsos do poeta com versos de uma beleza verdadeiramente ígnea. apaixonante.

P. R. Mendes

Anónimo disse...

Mais um gomo
da tangerina mais suculenta
fruto de uma ocarina frugal de cores de primavera
risos de Pã
que ainda adormecem Endimião
folhas de leves ventos
zéfiros de sonhos esquecidos
memórias de outras primaveras

um abraço
Victor Banza

bonecadetrapos disse...

Amanhã
no amanhã de um dia que não sei da data
mas tão só da vontade de voltar

voltarei.

Laranjas, romãs... que importa?
Colherei, bago a bago, gomo a gomo, o néctar e a essência de cada uma: na sua belíssima poesia.

Saudações com estima
*__bonecadetrapos___*

luís filipe pereira disse...

Caros intertextuantes, companheiros de palavras e afectos deste meu humílimo blog, muito vos agradeço o alento; é também e sobremaneira para vós que escrevo--
_____________________

Caro Víctor Banza, reitero o quanto aprecio a qualidade da tua escrita,a minha amizade de sempre e eis-me muito grato pela fundura amiga e generosa do teu comentário a este meu poema-

obrigado,
filipe
(P.s. beijos enormes, sora, minha tágide de alento e de verdura)

Anónimo disse...

"entre os gomos do mar" como é enriquecedor singrar numa poesia assim........tão próxima do vento, do sabor, dos sentidos........ Parabéns caro Luís Filipe Pereira

A. L. Amaral

Anónimo disse...

Filipe, caríssimo

um perfume em todo o poema anuncia a cor desse calor novo e lento. a pausa para a jangada que aproxima como que a nos prometer presentes ou encantamentos. esse poema é um encantamento e aquece em reserva para eventuais dias frios, sem poesia. grande abraço, Fabrícia Muniz.

luís filipe pereira disse...

Cara Poeta A. L. Amaral, sabe o quão gratificantes sinto (sempre) as suas palavras doutas e afectuosas...............

Cara Poeta Fabrícia Muniz,

eis-me muito grato pela compreensão (sempre funda) deste meu poema, na "pausa para a jangada" como tão bem enfatiza, cabe inteiro o seu alento que lhe devolvo em amizade e admiração.

filipe

Anónimo disse...

Maravilhoso. Um poema magnífico.
Obrigado, caro Poeta L. F. Pereira

C. Gomes

Anónimo disse...

seus poemas estão cada vez mais bonitos, Lippe
cada vez mais exatos e plenos de sentidos.

hoje farei uma leitura poética de Afrodite.

penso em levar também suas 'Laranjas de Maio'.

um beijo,
Paula

luís filipe pereira disse...

Cara escritora e Poeta, caríssima Amiga Paula Cajaty,

Obrigado por suas palavras generosas. Obrigado pela sua atenção à minha poesia e ao modo como a tem divulgado no Brasil: eis-me muito grato ao saber que levará o sabor de minhas "laranjas de Maio" à frondosa mesa em que partilhará o seu excelente livro de poesia Afrodite in verso.
com admiração,
um beijo
filipe

Zetti Cunha disse...

Amanhã

Olá Luis Filipe

O vento veio, deslizou sobre a minha madrugada, trazendo o som das tuas laranjas, sob o sol macio de maio... e eu como "folha desfeita na foz dos dedos" encontrei "os fios dos jardins"

"Amá-los-ei"... "Entretando, há o mar..."

Estou deveras encantada com teus poemas - obrigado,obrigadíssimo!
Zetti Cunha - São Paulo/Brasil

luís filipe pereira disse...

Caríssima Zetti Cunha,
deste lado do Oceano, eis que se abeiram as águas e as margens não são mais ilhéus, antes sabores vastíssimos, fragrâncias de frutos e de afectos.
Muito obrigado pelas suas palavras.

luís F. Pereira