quarta-feira, 20 de maio de 2009

VERDE FOGO DE FRUTO

imagem:
Magritte, «filho do homem», 1928




Árdua arde a árvore
Inclina-a o vento
Por detrás da língua


Estes versos são uma flâmula diluída
E dentro da lava verde vejo ao longe
Purpúreos os pulsos
Iguais a vespas requeimadas
Felizes de ser tão fácil o fogo

Peguei nos ramos e nas metáforas dos rios
Molhei-os com elas e neles fui escrevendo os frutos
Nos hortos húmidos da palma da mão
Nessa pátria de lume de palavras e pálpebras


Dentro do incêndio
Sou sangue incólume
Labareda ladeada pelo vento
Em que ocluso é o verso
Num sempre oblíquo
E sequioso olhar
luís filipe pereira

8 comentários:

Anónimo disse...

...............
Peguei nos ramos e nas metáforas dos rios
Molhei-os com elas e neles fui escrevendo os frutos
Nos hortos húmidos da palma da mão
Nessa pátria de lume de palavras e pálpebras.


"Je lance mes chaussures par-dessus bord car je voudrais bien aller jusqu’à vous"

Se pudesse como Blaise Cendrars atirar os meus sapatos borda fora para chegar até à tua poesia!

Escrever frutos, escrever sol .... nessa pátria de lume de palavras.

Que TELA, LF, que TELA.

Obrigada pelas palavras - les mots, toujours les mots - e pelas pinturas que cada poema se crava na tua TELA.

Com muito afecto,
Sani

Anónimo disse...

FABULOSO!..................................................reticências, é o meu silêncio................................deslumbrado.
A. L. Amaral

Anónimo disse...

"FELIZES DE SER TÂO FÁCIL O FOGO", Felizes nós, por lermos tão maravilhoso poema!!!!!!!!!!!!!!!
Rita Palma

Anónimo disse...

ESte poema é Precioso. Fabuloso.
teresa C.

Anónimo disse...

Que sempre mantenha, caro poeta, esse "sequioso olhar" e não deixe nunca de dar-nos a saborear os frutos de tão extraordinários poemas.
G. Morais

Anónimo disse...

lindo.............MARAVILHOSO, bela construção imagética de um incêndio, labaredas verdes, um fruto na língua..............soberba a musicalidade, o modo como crepitam as palavras ardentes, vivíssimas.

H. J.

Anónimo disse...

é sempre magnifico. a relação sujeito poético/personagem ficcional torna a ficção mais real. pulsa o sangue verde nas veias do poeta.rui

luís filipe pereira disse...

a todos os generosos intertextuantes que têm vindo compartilhar, no avesso do fogo, o sabor de um verde fruto a tingir a língua, meu muito obrigado

filipe