foto de luís filipe pereira
embica o vento para o vão das minhas veias
qual esboço de pássaro em des
equlíbrio
no versilibrismo lento das vozes litorais:
grânulos de lume,
somos à sede resgatados
até limiares de barcos que baloucem
nas razões, recentíssimas, das águas.
luís filipe pereira
24 comentários:
Tão perfeito o arco que o poema desenha,fabulosa a maneira (como consegue? perguntamo-nos e assistimos ao acontecer disso palavra a palavra, sílaba a sílaba)como este "Epigrama" (índicio desde o título da brevidade, da volatilidade) nos transmite a lentidão do breve, a lentidão feita vento e espuma e, simultaneamente a força do poema é tão intensa que fica cosida em nós, por dentro de nós como um diamante indestrutível, arco que não quebra. Admirável.
A minha admiração.
T. Cadete
Um poema com força que força... a imagem em nosso pensamento e as palavras marcam!
Abraço e agradeço a visita
Belíssimo poema Luis, ao som dos acordes irresistíveis desse piano...
Belíssimo poema...
Nada de des....
equilíbrio!
Não sei como chegou em blog. Mas agradeço a visita. Obrigado pelas palavras e o belo comentário.
Bom final de semana!
É extraordinário, L. Filipe, como se o poema se construísse na bolha de espuma da foto, construísse sobre o desequilíbrio o equilíbrio da leveza (do breve, do efémero: veias, vão, lume, lentidão) e da mais robusta duração da palavra poética: um arco a "embicar" na Perfeição, espuma que permanece além da leitura, funcionando a memória do leitor como a lente da objectiva que fez a bolha de espuma sobre a areia permanecer.
Parabéns, não imagina a emoção que sinto ao ler este Poema. Obrigada.
J. Fernandes
"qual esboço", epigramático, alusivo: um Grande Poema.
Parabéns!
A. Amaral
Efectivamente, "somos à sede resgatados" ao lermos este Poema.
A musicalidade é uma espuma soante que se espraia por entre os versos deste Epigrama.Quando os ventos mudarem muitos mais saberão o que o Luís F. Pereira traz de novo à Poesia.O poema é perfeito.
P. Leal
"razões, recentíssimas das águas", razões primevas, águas de (Tales de) Mileto. Excepcional a construção do poema: um nó de espuma que se ata ao leitor.
Víctor R. de Almeida
Luís Filipe, obrigada pela visita e pelas palavras bonitas.
Não sei comentar feito você.
Mas senti a beleza desse vento que toca as veias, e que embala a emoção.
abraços
As razões das águas são livres, como é liberta a sede que não cede enquanto não saciada; é mar buliçoso e movediço o remanso em que descansam: a foto e o poema.
Parabés Luis Felipe.
Beijos
Gostei de ler seus poemas, Luís Filipe. Muito bem-vindas sua visita e suas palavras. E parabéns pelo "lastro".
Grande abraço.
A todos os intertextuantes que tiveram a gentileza de dar testemunho dos seus ecos de leitura deste poema, o meu genuíno obrigado.
filipe
Um Epigrama repleto de sensibilidade, no elogio a uma bolhinha na areia, que embora frágil vai resistindo ao vento.
Um instante fotográfico.
Um registo para a vida.
Brilhante.
Agradeço a leitura.
F.Apolinário
Obrigado amiga e escritora Fernanda Apolinário pela nota - epigrama afectuoso - que imprimiu na breve partitura deste poema, registo-a como um arco de alento.
filipe
Um poema absolutamente excepcional, que faz do des-equilíbrio do que é breve e do que se prepetua dessa brevidade um exímio equilíbrio e, a sagrar o modo epigramático, nos dá a ver quem somos através da belíssima metáfora "grânulos de lume". Que sempre arda esta Poesia.
M. C. Puga
Na foto uma bolha no momento efémero de fazer-se golha. Devindo bolha. Ambígua.
No poema um equilíbrio
/desiquilíbrio de pássaros esboçados. E o pressentimento do resgate até limiares de barcos. Olhar e dizer, do quase, do efèmero, da leveza. Belíssimos ambos.
Salica
"olhar e dizer, do quase, do efèmero, da leveza.", obrigado Professora Drª Isabel Clemente pela captura do sentido, expandindo-o para limiares de mais sentido, deste "epigrama para um arco de espuma". Sempre lhe sou grato como minha razão sempre recente, recentíssima.
a amizade inteira
filipe
Belíssimo: de tão musical, um verdadeiro cântico à força do frágil, à duração do breve.
Parabéns.
j. amaral
Assim, "versilibrando", inovando, o clássico epigramma, consegue o LFP um extraordinário Poema reabilitando o modo sendo criativamente rigoroso em relação ao género.Parabéns.
M. C. Guarda
Enquanto o oxigénio permanece, a bolha, – o instante. Frágil. Como pegadas que desvanecem com as vagas ou com uma lufada de vento. Este instante mágico fica perpetuado na plasticidade da imagem e das palavras.
Enquanto o oxigénio permanece, a bolha, – o instante. Frágil. Como pegadas que desvanecem com as vagas ou com uma lufada de vento. Este instante mágico fica perpetuado na plasticidade da imagem e das palavras. Rui
Deixei um comentário mas vejo que não entrou por alguma razão, erro meu certamente mas mais importante do que comentar, é agradecer a partilha de tão intensas palavras,
belíssimos textos, de grande sensibilidade.
Quero agradecer também o comentário que me deixou, vindo de si, é uma honra!
Um abraço
que lindo de tua parte ter vindo me conhecer, obrigada! e como me encontrou???
e este teu curto e intenso poema, é admiravel! forte, belo.
um abraço
Como quem abre águas pela voz da poesia, ao mesmo tempo em que repousa uma singeleza no colo da areia.
...
[Não posso deixar de dizer o quanto o título do blog já insinua sobre o potencial literário que aqui se vai encontrar... espaços para o diálogo entre textos, ramos e rosas, ou mesmo monólogos com um sol a pino na língua.]
Despeço-me hoje com palavras que conheces bem, e que me apeteceu [re]lembrar a propósito do teu blog:
"...este poema tem os olhos de uma lágrima
de um sorriso entre cabelos de chuva
e nós o abrimos como um fruto como um livro
e o povoamos como um pensamento solitário
que se embebeda na brancura
como o fruto de uma tristeza límpida
como um animal aberto pelo seu sopro vivo."
[António Ramos Rosa]
Abraços.
Katyuscia.
Cara Poeta, não imagina o contentamento que senti em suas generosas palavras: o entendimento limpo, translúcido, a percepção claríssima de que este meu/vosso espaço é também, desde o seu início e perfeitamente assumido, uma humílima homenagem ao que, para mim, em mim, será sempre o Poeta da minha vida: António Ramos Rosa. Belíssimo o seu gesto de trazer um trecho da voz do Poeta de "O Sol é Todo o Espaço", obrigado pela intertextualidade.
filipe
Enviar um comentário