quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

seguir com Antonio Segui

com antonio segui acotovela-me o frenético tango da multidão. como riscos de cobalto. as cidades tornam-se lagos aéreos de peixes venturosos. vaivém. sigo com segui e vejo as escamas a escorrer das axilas anónimas dos que correm para esquinas incertas. vou com eles e com a dança dos passos ondeantes à volta da extinta foz. nos gnomos das praças. dos charcos. dos alvéolos das ombreiras. perco-me como furtivo sopro entre comércios furtivos. de corpos. de águas. de duros vidros. onde a maria de buenos aires? no suor do vaivém são esponjosas as janelas nos olhares dos que descem pela alegria da passagem. nos lábios dos que sobem pelos cabelos da solidão ardendo como fósforo. lenta efervescência. os gomos da manhã. bueños dias. buenos aires. um enxame de corpos me embacia as margens. a rapariga que vende as maçãs da manhã. yo soy maria. que vende as coxas da noite aos marinheiros que nelas pernoitam. segui segui. até às migrações dos rostos que vão ruindo como pássaros. quase ninguém dentro da tarde da multidão pluridireccional. quase um sentido tropical nos passos em que só o chão é humano. passos. los mareados. segui segui e os passos supondo que os invento contra o paradoxo de zenão: o de ulisses e da tartaruga. vaivém. desdirecção de encontros nas avenidas dos acasos. segui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pela sua escrita, uma torrente de imagens. Gisela