segunda-feira, 3 de março de 2008

Onde Vais, Drama-Llansol? in memoriam

esta é uma noite fechada no olho fechado da dor. como separar de mim este fruto? como dar-te um beijo dado mais tarde se é tão tarde já para principiar o cântico de narrativa? ó sublime escrevente. que farei sem a Quimera de legente de um novo livro cujo início era sempre precioso? qual Infausta fico também tão só e órfão das cenas de fulgor. a madeira impede já a página seguinte. ó sublime escrevente. que me transformaste em aprendiz de legente abrindo-me o sexo de ler às vibrações velozes da cor da inconclusão. com Témia dormes lendo o livro que fechas com a luz na mão e sem chegar ao fim. o Coração do Urso é o meu coração de gelo na sólida perda dos teus textos vivos. a água fechou-se. tenho os teus livros. os teus diários. os teus sonhos. e uma pacada seca martela-me por dentro a finita infinita falta da tua voz. mas sei que o teu silêncio é incompleto. onde vais? onde vais se até o vento esta noite voa mais alto?___________________é o traço do Jade. a tua árvore reverdece-te no lado de cá da neblina. mas a pancada seca de um teu caderno fechado deixa-me um sabor a sal e a deserto. onde vais se perto, em redor e tão longe. sintra. herbais.lisboaleipzig. miolo da música. esperar o amor____________Aossê. a comunidade do teu corpo comunial continuará anotando à margem a felicidade contra o poder. ode vais?elegia voltas? onde vais? ao silêncio-onde do afecto? o teu texto é xaile. e estamos quase na primavera. quase na orla adamantina das fulgorizações afectivas. falando-se a paisagem se espalhará no ar dos teus livros agora levados por Úrsula a montante da escrita.com Thomás Müntzer choro a tua morte terrestre. in memoriam, hei-de homenagear-te no meu primeiro livro de poesia. tua, ó sublime escrevente, será a epígrafe. Ecce: sou um corpo de ver, e não agir; sou um cosmos de meditar __________________________ ouço-te hic et nunc. ouço a tua voz arbustiva. dizes-me com o teu xaile limpando-me as lágrimas e as agulhas da perda: Quando Mais Fim, Causa Amante........................... luís filipe pereira.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Llansol orgulha-se de saber que para além de um devoto legente tem em ti um descípulo escrevente. rui

Anónimo disse...

Já não precisamos de vasculhar pedaços de papel, guardanapo ou maços de tabaco rasgados nas tuas gavetas, no meio dos livros ou enrolados em cigarros... cheios de tinta, letras, palavras... escritas e poesias, cheios de luz, dor e paixão.. emergem agora, finalmente. finalmente. e grito uma vez mais - FINALMENTE. Antónia

Anónimo disse...

onde estás? deixaste-me em intervalos de poemas. o que fazer com a
morte e o vazio? o que fazer neles? o que fazer sem eles?
se eu descesse a rua pelas videiras da tua fome, balbuciarias palavras
de perdição. desde esse sítio onde me escutas. para onde me falas.
onde estás? deixa-me profanar a tua ausência com um silêncio de
fragmentos pleonásticos. como a vida. feita de bolas de sabão. em
caixas pequenas. como a que deus tem na mão. com palavras e homens
dentro.
(bri - (ínfimo gesto))