terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

palavras ao rés da névoa que reconforta e indistingue

Olhando a janela rendilhada de bruma que se osmoseia com o azul do meu quarto. recordo, como pleura vítrea, o verso de A. Campos "o dia deu em chuvoso". Nada impede o labor aracnídeo do texto (vide Roland Barthes: O Prazer do Texto) de construir fendas e frestas, auras azuis em céus ficcionais e fluviais. nada impede um beijo de água. nada impede uma pedra vermelha a sorrir-me defronte, na humidade vegetal dos telhados. nada impede a metamorfose das antenas rasgando a névoa sólida de devirem remos, quilhas, mastros de um contra-luz de melancolia inspiradora.
luís filipe pereira

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelos excelentes textos! Além disso és o poeta mais bonito que existe (a foto do perfil está muito bonita).

Inês de Castro

Anaquariana disse...

Que sejam muitos os momentos de melancolia que inspiram palavras como as que acabei de ler.

Maravilha!
Um abraço