quarta-feira, 21 de maio de 2008

Do Lido e do Visto, "Arte poética" de Daniel Faria (Quasi Ed.) & Magritte

"A palavra despe-se

O silêncio despe-se

Nus

Os sexos ardem

Os seios da palavra

Os músculos do silêncio

O silêncio

E a palavra

O poeta

E o poema" (Daniel Faria)

a palavra percorre os sentidos. mergulha na margem da carnação sem destino. tacteia sem perguntar para troar a pele no seu langor de lâmpada. a palavra nua frequenta o domínio encantado e suporta na luz dos seios a pausa de sede entre dois sons. como achas os sexos segregam nos corredores da noite suas luzes vacilantes como versos. versos sobre ventres. sobre trompas de silêncio. o poema é uma pele encontrando outra pele que nela se abriga. o poema e o poeta: duas mãos que migram palavra a palavra. músculos descaindo para a cintura até à nua linha do osso nítido onde escreve uma esquírola de desejo o esmalte dos degraus alçados pelas despidas palavras.

luís filipe pereira


4 comentários:

MóniKa disse...

Partindo daqui, dedico-lhe o poema que acabei de “postar” no meu blog.
Saudações poéticas
Mónica

Anónimo disse...

Dá vontade permanecer neste blogue. percorrer as palavras enquanto lá fora uma alegre chuva de maio. Como refere o luís filipe pereira num texto sobre os sótãos, este blogue é o meu improvisado sótão salutar. Dá alento a emoção posta em cada palavra,ímpressiona a qualidade da criação poética onde as imagens nos tocam e nos elevam pelos degraus dos seus textos. Entrarei. Obrigado pelos degraus da sua escrita.

Anónimo disse...

No silêncio, no Domínio do Sensível descobrem-se palavras encantadas, inventa-se o corpo e escuta-se a poesia (a tua).
Rui

Anónimo disse...

A palavra, persegue os sentidos e ilumina-os. Tacteia o corpo dos versos do poeta: "o poema é uma pele encontrando outra pele que nela se abriga". Nessa nudez mútua e "nos músculos do silêncio", acariciam "os seios das palavras" e permanecem no desejo pelo "domínio encantado".

Gostei de ler o seu texto e de conhecer mais um poeta, Daniel Faria.
DiteApolinário